Na contramão da estética “effortless” e do minimalismo discreto do quiet luxury, uma tendência ousada volta a chamar atenção: o vestido bandage. Famoso por se ajustar ao corpo como uma segunda pele, o modelo ressurge em 2025 com uma nova proposta. Longe do exagero sensual que marcou os anos 2010, ele aparece agora mais como símbolo de autonomia do que de exibição.
Segundo o stylist Mark, a mudança está no olhar.
Se em 2010 o bandage flertava com a submissão ao desejo alheio, hoje ele é um gesto de poder. Quem veste bandage não quer agradar ninguém, mas afirmar: o corpo é meu, e eu decido como ele será mostrado”, explica.
A peça não só retorna ao radar da moda como também se encaixa em um novo discurso, no qual o corpo se torna espaço de afirmação individual e resistência simbólica.
— Linda Evangelista (Foto: reprodução/Archive Photos/Getty Images Embed)
O vestido que molda o corpo e novas conversas
A origem do bandage remonta aos anos 1980, com Azzedine Alaïa, estilista conhecido por criar roupas que exaltavam as curvas naturais. Mas foi Hervé Léger quem, nos anos 1990, consagrou a estética com vestidos estruturados por tiras elásticas. Cindy Crawford, Naomi Campbell e até a personagem Fran Fine, da série The Nanny, popularizaram o look colado.
Na década seguinte, o bandage voltou com força graças a celebridades como Kim Kardashian, Paris Hilton e Britney Spears, sempre usados com foco em um corpo escultural.
— Hailey Bieber (Foto: reprodução/Stefanie Keenan/Getty Images Embed)
Moda reflete o corpo em evidência
O retorno do bandage dialoga com um contexto em que o corpo está novamente em pauta nas redes sociais, nas clínicas estéticas e nas farmácias. Dietas, treinos e medicamentos como o Ozempic se tornaram parte da rotina de muitos. “O corpo volta a ser vitrine, e o bandage é, literalmente, essa moldura”, diz Mark.
Mais do que uma simples tendência fashion, o vestido colado escancara como a moda continua sendo um espelho das transformações culturais. Se antes a sensualidade era imposta como padrão, agora ela pode ser ressignificada como uma escolha.