Casa de Criadores 56: Futurismo, Humor e Sustentabilidade em SP
No segundo dia da Casa de Criadores 56, o Centro Cultural São Paulo virou uma cápsula temporal em que futurismo, humor e alfaiataria se entrelaçaram em cada look. Desfilaram as marcas Shitsurei, Érico Valença, Cynthia Mariah, Marlo Studio, Guilherme Dutra e Visén. A semana de moda acontece desde 1997, duas vezes ao ano, também é […]
No segundo dia da Casa de Criadores 56, o Centro Cultural São Paulo virou uma cápsula temporal em que futurismo, humor e alfaiataria se entrelaçaram em cada look. Desfilaram as marcas Shitsurei, Érico Valença, Cynthia Mariah, Marlo Studio, Guilherme Dutra e Visén. A semana de moda acontece desde 1997, duas vezes ao ano, também é palco de diversas marcas independentes, abrindo espaço para discussões sociais como gênero, cor e sustentabilidade através da moda.
Desfiles
Shitsurei abriu as passarelas com jaquetas acopladas a ombreiras metálicas, reinterpretando o Space Age dos anos 60 em tecidos com brilho iridescente e recortes geométricos. A estilista introduziu ainda um painel interativo de LED, criado pelo coletivo SPARK, que projetava constelações digitais enquanto os modelos desfilavam em corredores espelhados.

Desfile Shitsurei na Casa de Criadores (Foto: reprodução/Instagram/@casadecriadores)
Na sequência, Érico Valença levou o público a uma órbita familiar: suas peças de sarja resinada, técnica desenvolvida por ele, ganharam acabamento “holográfico” que lembrava o vinil usado pelos avós. As silhuetas amplas e os casacos de gola alta flertavam com a nostalgia, mas os bolsos utilitários e fechos magnéticos entregavam um viés high-tech.

Desfile Érico Valença na Casa de Criadores (Foto: reprodução/Instagram/@casadecriadores)
Cynthia Mariah quebrou a seriedade espacial com uma trupe de modelos fantasiados de palhaços contemporâneos. Suas listras em contraste de preto e branco, pinceladas de neon e acessórios infláveis convidavam o público a rir, mas também a refletir sobre a repentina inversão de papéis, quando o que deveria divertir, questiona o status quo.

Desfile Cynthia Mariah na Casa de Criadores (Foto: reprodução/Instagram/@casadecriadores)
Marlô Studio, sob o comando de Márcio, misturou o paraíso ao apocalipse: camadas de renda floral conviveram com jaquetas de PVC fosco em tons de ácido, sugerindo um rave à beira do Éden. A alfaiataria clássica, revisitada em cortes fluidos de alfaiate, foi pontuada por corsets e hot pants que pareciam prontos para atravessar qualquer madrugada techno.

Desfile Marlo na Casa de Criadores (Foto: reprodução/Instagram/@casadecriadores)
Continuando a noite, Guilherme Dutra apresentou “Poupée”, homenagem às bonecas francesas da avó, com volumes exagerados e drapeados que costuravam memórias de infância à contemporaneidade. Na mesma trilha de experimentação, a Visén mostrou “Visceral”, coleção criada a partir de imagens geradas por inteligência artificial. Grafites pixelados e padronagens xadrez formaram um mosaico distópico, sugerindo que a moda é hoje um reflexo tão do caos urbano quanto da lógica dos algoritmos.

Desfile Guilherme Dutra na Casa de Criadores (Foto: reprodução/ Instagram/@casadecriadores)
Entre as estreias, chamou atenção a ala sustentável: várias grifes investiram em tecidos de algodão orgânico e PET reciclado, anunciados em uma vitrine ao lado da passarela. Até domingo, a CDC 56 segue revelando novos talentos e reafirmando seu papel de laboratório onde moda e tecnologia dialogam com humor, memória e consciência ambiental.
Impostância da CDC
A Casa de Criadores se firmou como palco primordial para vozes diversas, negros, indígenas, trans e plus size, abrindo espaço para dialogar sobre gênero, raça e inclusão na moda brasileira. Essa representatividade se reflete não apenas na diversidade de perfis dos estilistas, mas também na pluralidade de narrativas que permeiam cada coleção, transformando a passarela em um fórum de debates sociais e culturais.
Mais do que um evento de moda, a CdC 56 representa um manifesto de autoralidade e inovação criativa, onde cada desfile é uma afirmação de identidade e propósito. Com 33 desfiles em formato de U, a edição atual consolida a CdC como uma vitrine viva da pluralidade brasileira, capaz de articular memória, tecnologia e consciência ambiental.
