Diamantes de laboratório marcam o mercado de joias internacional

Juliana Gomes Por Juliana Gomes
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Os diamantes cultivados em laboratório são nova aposta sustentável, deixando um pouco de lado os que eram extraídos da natureza. Também chamados de lab-grown, ou LGD, representam 7% das vendas de joias nos Estados Unidos, segundo pesquisas da Edahn Golan Diamond Research. 

Além de ter um preço cerca de 30% mais baixo em comparação ao natural, a presença desse produto no mercado tende a aumentar em progressão geométrica, por causa da aderência de pesos-pesados da indústria, como do grupo LVMH e a De Beers. Os LGDs são uma resposta sustentável e tecnológica para as pedras naturais que em muitos casos são extraídas em zonas de conflito e costumam gerar contaminação do solo.

A marca brasileira Gaem, fundada pela joalheira Julia Blini e pela stylist Luna Nigro há um ano, é a pioneira na utilização dos diamantes de laboratório e foi classificada, recentemente, pelo Sistema B, sendo a única marca de joias do Brasil a ter o selo, que é o “Pendente” por mostra que a empresa, tendo um ano, tem interesse nas práticas sustentáveis e está no caminho para a certificação efetiva.


Jóia da marca Gaem (Foto: Reprodução/Gaem)


As pedras naturais podem ser classificadas de acordo com os “4Cs” — Carat (peso em quilates), Color (cor), Clarity (grau de pureza) e Cut (Lapidação) —, os de laboratório podem ser desenvolvidas com diferentes tons de cor e níveis de pureza, tendo o preço aumentado quanto maior for a gema, já que diamantes grandes são mais raros.

Enquanto Luna seguiu a carreira como stylist e entendeu a importância da sustentabilidade em aulas sobre o tema na Central Saint Martins, a amiga há quase duas décadas, Julia, passou a trabalhar como designer de sapatos na Jimmy Choo, em Londres, e na Alexandre Birman. Depois de cursar gemologia no conceituado Gemology Institute of America (GIA), comandava uma marca de joias batizada com seu nome desde 2014, que teve as atividades encerradas após a criação da Gaem.

As amigas, que se conheceram em 2005 enquanto estudavam moda no Studio Berçot, em Paris, fundaram a marca com o objetivo de trazer um impacto positivo para a carreira. Julia se incomodava em não saber a procedência exata do próprio ouro e pedra. “Como eu poderia conversar sobre valores em casa com minhas filhas sem saber se a matéria-prima devastava a Amazônia, enchendo um rio de mercúrio”, questionou, a designer, em entrevista para a Vogue.

A primeira ideia foi a criação de um tipo de Goop da beleza, mas acabaram chegando, depois de pesquisas e conversas, nos LGDs. Esses prometem o não uso de trabalho infantil ou escravo, contrabando ou outras práticas ilícitas. O lab-grown é produzido a partir de químicos que replicam as condições naturais de temperatura e pressão que ocorrem nos diamantes naturais, transformando átomos de carbono na pedra preciosa. Antes de serem lançados nos anos 2010, os métodos de criação dos diamantes artificiais estavam sendo pesquisados desde os anos 50.

Em 2021, a Pandora, uma das maiores marcas de joias do mundo, anunciou que deixará de usar os diamantes naturais e os trocaria pelos criados em laboratório. O esforço é para adquirir práticas sustentáveis e uma resposta aos pedidos pelo produto. A marca Charles e Colvard, que fabrica os LGDs explica que os consumidores querem, não apenas ficar bem com as pedras, mas também se sentir bem com a compra.

 

Foto destaque: Imagem de diamante. Reprodução/Creative Commons/Google

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