Após se comprometer, em 2021, na formação de uma identificação digital em todos os próprios produtos até 2025. A grife Chloé avançou na promessa, criando o projeto Chloé Vertical que tem como objetivo a criação de uma circularidade nos seus produtos, a melhoria na produção de matérias-primas essenciais e a diminuição do impacto ambiental. A justificativa é que é mais fácil revender, reparar e reciclar uma peça, se ela tiver todas as informações sobre a própria origem e especificações técnicas.
Além do potencial de circularidade de um produto no futuro, esse projeto busca fornecer informações sobre a produção e os cuidados necessários no pós-compra dos itens Chloé e uma rastreabilidade para as matérias primas obtidas, que seriam a lã, couro, seda e linho. “A meu ver, uma vez que você compra um produto, você deveria saber tudo sobre ele. Então, se quiser revendê-lo, bastaria clicar no seu ID digital e fazer isso instantaneamente.”, explica o CEO da maison, Riccardo Bellini, em entrevista para a Vogue.
Plataforma da Chloé sendo usada (Foto: Reprodução/Vogue)
Riccardo diz que os objetivos da marca era entender o que é preciso fazer para ter total transparência vertical e para eliminar as barreiras da circularidade. A Chloé Vertical é o passo mais recente do projeto para fortalecer a sustentabilidade na grife desde que a designer Gabriela Hearst assumiu, no final de 2020, a direção criativa da marca. No ano passado, a Chloé se tornou uma B Corp, sendo a primeira empresa de moda de luxo a oficialmente ter esse rótulo, por visar o desenvolvimento social e ambiental como modelo de negócio. A maison, em janeiro, publicou uma nova estrutura de medição de impactos sociais, o SP&L, e uma lista dos principais parceiros e fornecedores de matéria-prima e embalagens.
Prada, Mulberry, Levi’s, Another Tomorrow e a marca homônima de Gabriela Hearst, Tomorrow, são marcas que também passaram a usar IDs digitais. A transparência sobre o processo de fabricação é uma das formas que contribuem para estabelecer da sustentabilidade na indústria da moda. “É também sobre ser transparente com os consumidores e, assim, permitir que façam escolhas mais responsáveis ou mais informadas.“, diz, o CEO, Riccardo Bellini.
Porém, as identidades digitais não são, sozinhas, uma ferramenta de sustentabilidade, pois também podem ser usadas para aumentar o alcance omnichannel de uma marca e permitir a personalização dos produtos, pelos clientes, antes da fabricação. Logo, a Natasha Franck, fundadora da startup de identificação digital Eon, em entrevista para a Vogue, afirma que mesmo que as IDs não venham ainda com a opção de revenda instantânea com um clique, elas, por garantirem as informações sobre os produtos, facilitam a reciclagem e a reparação das peças.
A Chloé ainda está avaliando os dados coletados do projeto, até o momento. O objetivo, de acordo com a diretora de sustentabilidade da grife, Aude Vergne, é gerar um benefício líquido, além de reduzir a pegada da Chloé. “Se for possível fazer algo melhor com nossos fornecedores existentes, é o que faremos.”, afirma, Vergne, em entrevista.
A União Européia tem como proposta a exigência que bens de consumo da maioria dos setores, um deles sendo a moda, tenham um passaporte digital de produto, isto é, uma identidade digital. Especialistas acreditam que a medida será útil ter informações incorporadas a um item sendo vendido para a circularidade, os provedores de serviços e os consumidores.
Foto destaque: desfile fw22 da Chloé