A paulistana Maria Helena Ortiz Niemeyer, mudou-se para o estado do Rio de Janeiro em 1979, após casar com Paulo Niemeyer Filho. Formada em arquitetura, começou a fazer biquínis costurando na sala de jantar da sua casa e usando suas cangas como material. Ela não trabalhava e queria uma forma de gerar renda, e pensou em fazer biquínis.
“O biquíni são quatro triângulos, né? Dois no peito e dois embaixo. Tínhamos dificuldade em achar biquíni de um tamanho adequado, em São Paulo todo mundo usa um pouquinho maior. Então comecei a fazê-los para me ocupar: pegava uma canga, cortava na mesa de jantar… E arrisquei, fiz uns ossinhos, queria tanto um biquíni desse e não tinha mais”, conta ainda que na época não tinham opções de lojas de aviamentos e que precisava ela mesma fazer os detalhes de suas peças. “Não havia muito aviamento naquela época, então eu mesma cortava o tutano do boi, lixava. Tudo na mão”
Modelos da celeção em comemoração aos 30 anos. (Foto: reprodução/divulgação)
Dessa forma simples, surgiu uma das marcas mais chiques entre as cariocas. Quem veste seus maiôs e biquínis não economiza elogios sobre seu caimento perfeito.
Nascida em Santos, litoral de São Paulo, conta que seu contato com a moda praia veio após se mudar para o Rio. Uma de suas experiências com a venda de suas peças, foi na loja de uma amiga que vendia roupas em casa.
Essa amiga vendeu todas suas peças e pediu mais. Foi aí que Leny percebeu e pensou que mesmo com peças tão inusitadas eles eram vendidos. Então ela chegou à conclusão que existia público para o que ela produzia, e que existia carência de modelos mais arrojados.
“Era tudo muito fio dental, muito verde-limão. O tamanho das estampas, por exemplo, era sempre miudinho. Eu, que vinha do universo da arquitetura, buscava estampas maiores, não entendia por que usavam coisas tão minimalistas e temáticas nos maiôs”.
Seu primeiro desfile aconteceu em 1996 na Semana Leslie de Estilo, ela convidou várias celebridades femininas para desfilar com seus biquínis – essencial para atrair a visibilidade da mídia. Leny conta uma curiosidade, ele fala que uma celebridade ligou várias vezes pedindo para fazer parte do seu desfile, que ela ligou tanto que viraram até amigas. A celebridade em questão é Carolina Ferraz, que de tanto desfilar pela marca virou “símbolo” não oficial.
A lista com o nome das modelos que estariam no seu desfile era tão aguardada, que viraram notícia. “Eu gostava: queria ter as melhores, as mais conhecidas”, conta ainda que agora isso tudo mudou e que não tem mais sentido ”Isso acabou, não tem mais sentido. Hoje em dia existe uma aceitação maior da variedade de corpos. Continuo exigente na forma que elas andam e se posicionam, mas é independente do corpo. De serem mais velhas, mais novas, mais cheinhas ou mais magras.”
Lenny e a modelo Izabela Goulart, no desfile de 20 ano da maraca. (Foto: reprodução/divulgação)
Lenny e a modelo Rita Carreira vestindo modelo da coleção que comemora 30 anos da marca. (Foto: reprodução/instagram @RitaCarreira)
Com o tempo e o avanço da moda a estilista fez algumas mudanças; limpou seu estilo, desafiou novas formas, usou novos materiais e investiu em roupas ampliando seu leque. A artista teve como inspiração Hilma Af Klint e Emma Kunz artistas plásticas. Leny deixou as tops de lado e investiu no poder da imagem trazido pela fotografia de suas peças.
Peça da coleção Reorder com tecido da Econyl, que recolhe e recicla redes de pesca e plástico do litoral (Fotos: Divulgação)
Coleção 30 anos, foto mais elaboradas com jogo de sombra e luz. (Fotos: Divulgação)
Leny sempre teve fascínio pelo ato de sair da praia e ir resolver alguma coisa na rua com a mesma roupa – ato que ela conheceu quando começou a morar no Rio. Esse universo a inspirou e virou símbolo de sua marca. Tornando a marca Lenny Niemeyer a maior referência de requinte e sofisticação que ultrapassa os limites da areia.
https://inmagazine.ig.com.br/post/Saiba-quais-sao-as-colaboracoes-mais-quentes-da-moda-em-2022
https://inmagazine.ig.com.br/post/Verao-2022-top-cropped-com-multi-amarracoes-e-a-nova-tendencia
Em comemoração aos seus 30 anos de história, Lenny mais uma vez quebrar as barreiras, e desmistificar rótulos do preconceito. Fazendo seu desfile no Caminho Niemeyer com vista para a baía da Guanabara em Niterói. Sua coleção de comemoração relembra suas produções desde o inicio mais com olhar futirista.
Foto destaque: Reprodução/ Divulgação