Moda atual gera dúvidas sobre encaixa na Arte e Entretenimento

Ana Clara Lima Por Ana Clara Lima
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Não é de hoje que a moda flerta com o entretenimento, em 1980 o relacionamento entre ambos ficou sério e o “casamento”, ocorreu na década seguinte. O desfile de inverno 1995 de alta-costura de Thierry Mugler, o seu vigésimo, foi um grande espetáculo, transmitido ao vivo e em horário nobre na televisão francesa. No ano anterior, o diretor de cinema Robert Altman lançou o filme Ready-to-Wear, que mostrava os bastidores da cobertura de uma fashion week. Em 1998 aconteceu a Copa do Mundo e pouco antes da França vencer o campeonato mundial de futebol, Yves Saint Laurent, comemorou seus 40 anos de carreira com um desfile composto de 300 peças de suas coleções anteriores, no meio do estádio. Tudo foi transmitido ao vivo para cerca de 1,7 bilhão de telespectadores ao redor do mundo.


Aparição da Corpeni com Bella Hadid, na Semana de Moda (Reprodução/Foto: Elle).


Neste ano de 2023, a temporada de inverno de 2023, foi tudo sobre roupa. O designer de moda Demma Gvasalia, afirmou: “Moda se tornou uma espécie de entretenimento. Muitas vezes essa parte ofusca a sua essência, que está nas formas e volumes, nas silhuetas, na maneira como criamos relações entre o corpo e o tecido, como fazemos as linhas dos ombros, as cavas, como as roupas têm uma capacidade de nos mudar”. O designer acredita que não dá mais para continuar assim. “É por isso que a moda, para mim, não pode mais ser vista como um entretenimento, mas sim como a arte de fazer roupas”.

Os eventos de moda já se preocupam com alternativas para o desfile, um exemplo disso é a Casa de Criadores. Nas suas edições já houveram fashions films, apresentações virtuais, ocupações, shows e performances de dança e música, e isso de certo modo enriquece o mercado da moda.  “É uma fórmula muito bem resolvida porque você vê pessoas usando a roupa. Isso dá um entendimento do caimento. A roupa também fica em movimento, e nele não existe recurso de edição, diferentemente de uma foto ou um vídeo, por exemplo. Se a roupa é boa, você vê que é boa. Se for ruim, você vê que é ruim”, acredita André Hidalgo, fundador a maior semana de desfiles autorais do país.

Foto destaque: Desfile de Outono, Inverno 2011 da Chanel. Reprodução/Elle.

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Repórter e redatora
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