Moda no Brasil: um abraço ao ativismo e a manifestação social

Gabriele Reis Por Gabriele Reis
3 min de leitura

Quando falamos de moda, uma característica equivocada que pode vir primeiro a sua mente é a futilidade. Pois bem, os últimos desfiles brasileiros provam cada vez que a moda também é luta por identidade e pautas sociais.

Há tempos a moda é utilizada como manifestação cultural e social, refletindo muitas das causas que vemos na mídia, seguindo de temas mais leves até temas que já deveriam estar em ação e não discutidos por agora.

Essa manifestação social tomou ainda mais força após o COVID-19, onde os horrores da pandemia deram essa urgência em pensar no coletivo e não apenas em sua próprias individualidade acomodada.


Day Molina no encerramento de seu desfile. (Reprodução: Marcelo Soubhia/@AgFotoSite).


O destaque vai para Day Molina, nesse último desfile na Casa de Criadores, que pautou seu encerramento a um tema de extrema importância e muito banalizado: o fim do genocídio aos povos indígenas originários do Brasil.

Molina fez dessa noite em julho o palco para essa luta, erguendo o punho para o alto, com uma bandeira para dar margem a sua discussão tão necessária. A estilista foi além do simples debate, pois trabalhou toda os bastidores do seu desfile ao tema, trazendo guajajaras, guaranis, krenaks, huni kuins, pankararus e muitas outras formas de tornar seu ativismo ainda mais forte. Seu objetivo era, principalmente, denunciar essa apropriação da cultura indígena, sem nunca dar espaço para que esses povos participassem do processo de mostrar isso ao mundo.

Day, como estilista da Nalimo, não foi a única a representar suas obras em temas sociais na moda brasileira; como dito antes, o movimento tomou força e agora é uma das principais características que se pode observar em marcas de origens da nossa terra.


Desfile de Guma Joana na Casa dos Criadores. (Reprodução/Instagram).


A pioneira Vicenta Perrota, seguida por Guma Joana e Pedra no campo de representação travesti e trans, Monica Anjos em sua denúncia ao racismo, e Da Silva Santos Neves que buscou destacar a cena ballroom resistente, representando tudo com tipos de corpos variados.

O que se sucede é um futuro esperançoso para a moda no cenário brasileiro, onde esse espaço de direito dos pretos, trans, indígenas e muitos outros é conquistado ainda mais. É uma mensagem de ativismo que grita: aqui também é nosso lugar.

 

Foto destaque: desfile de Mônica dos Anjos em julho, na Casa dos Criadores. Reprodução/Instagram.

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