Chanel cresce em meio a mar de críticas

Bianca P. Athaide Por Bianca P. Athaide
4 min de leitura
Foto destaque: Desfile Alta-Costura Chanel Primavera/Verão 2024 (Reprodução/Instagram/@chanelofficial)

Desde da morte de Karl Lagerfeld – um dos maiores estilistas que a grife francesa Chanel teve no controle da cadeira de diretor criativo depois de sua criadora e idealizadora, Coco Chanel – em 2019, o faturamento e, principalmente, reconhecimento artístico da marca, vem passando por uma gradual derrocada. As últimas coleções apresentadas em passarelas das principais semanas de moda do calendário internacional, passam como chacota nas redes sociais e entre críticos especializados no assunto, resultando em um questionamento geral sobre até que ponto o nome “Chanel” pode sustentar a falta de criatividade, inovação e envolvimento do público consumidor, que tanto apreciava a estética característica da grife.

Os desfiles atuais seguem uma linha mais simplista, estão cada vez mais enxutos, seguindo a linha de criação da pupila de Lagerfeld, e desde de sua morte, diretora criativa da marca, a francesa Virginie Viard.


Chanel, Cruise-2023 (Foto: reprodução/Harper’s Bazaar) 

Mas, em contrapartida ao que tudo indicava, segundos dados internos divulgados pela própria maison, neste mês de maio, foram alcançados recordes de vendas e receita. As receitas divulgadas em referência ao ano de 2023 totalizaram US$19,7 milhões, o que representou um aumento de cerca de 16% do faturamento do ano anterior, em 2022.Apesar da enxurrada de críticas que as novas coleções recebem a cada lançamentos nas redes sociais, ao que tudo indica, os verdadeiros consumidores da marca aparentam continuar prestigiando – e pagando – pela conhecida “magia Chanel”. Sob a atual liderança, o segmento prêt-à-porter (do francês, pronto para vestir), cresceu em 23%, continuando como a linha mais comercial da marca.

A estratégia

Para aumentar o rendimento, além de manter o investimento no vestuário típico da marca e na área da beleza, com enfoque na maior do produção dos clássicos perfumes e na linha de maquiagem e skincare, a Chanel voltou parte de sua estratégia financeira para o funcionamento interno. Em dez anos, dobrou a quantidade de funcionários, e em cinco, duplicou o tamanho de sua rede de distribuição.


Campanha Chanel Beauty 2022 (Foto: reprodução/Instagram/@chanelofficial) 

De acordo com o diretor financeiro da marca, Philippe Blondiaux, o caminho escolhido será mantido, mesmo com as críticas recebidas: “Apesar da desaceleração nos gastos globais com luxo, e pelas reações na web sobre o ready to wear e o aumento de preços de itens, vamos manter a estratégia da marca e a direção criativa”. 

Virginie Viard


Virginie Viard junto de Karl Lagerfeld, em 2018, no desfile de Primavera/Verão da maison francesa  (Foto: reprodução/Harper’s Bazaar)

Apontada como responsável pelo desgosto recente que a Chanel vem recebendo do público, a estilista francesa e atual diretora criativa, Virginie Viard, é a primeira mulher no comando dos destinos da marca desde de sua fundadora, Coco Chanel. 

Ela nasceu em 24 de janeiro de 1966, em Ruão, região da Normandia, no noroeste francês. Estudou Moda em Lyon e o amor pela indústria foi uma constante na sua vida, uma vez que os avós eram fabricantes de seda. Antes de dar início à sua carreira na Chanel, trabalhou como assistente de Dominique Borg, reconhecida figurinista. 

Sua ascensão ao posto ocorreu em decorrência da morte de Karl Lagerfeld, ícone da moda, que revolucionou a maison, ao mesmo tempo que mantinha sua veia original viva. Virginie é rosto conhecido dentro da marca desde 1987, onde sua função principal era a de pôr em prática as ideias de Karl, dando vida aos croquis que o designer alemão lhe entregava, mas apenas quando foi elegida ao posto, pelo CEO da marca, que ficou conhecida ao olhar – e julgamento – público. 

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