A Chanel ganhou, nesta terça-feira (06), um processo judicial contra um dos maiores brechós em Los Angeles, a loja What Goes Around Comes Around, que se autointitulava “um dos maiores acervos de bolsas da Maison Chanel”. O tribunal ordenou que a loja pague cerca de R$ 20 milhões de reais em danos.
O processo
A What Goes Around Comes Around, ou WGACA, é um brechó de luxo que se especializa em vender vestuário vintage, mas a loja também está repleta de bolsas de marcas cobiçadas, como Hermès, Dior e Louis Vuitton. Os clientes também podem se maravilhar com joias Chanel com preços bem mais convidativos. E foi justamente a gigante parisiense que abriu, em janeiro deste ano, um processo de violação de marca registrada no valor de quatro milhões de dólares – cerca de R$ 20 milhões – contra a loja e ganhou.
O conflito entre loja e marca surgiu originalmente em 2018 e foi centralizada na questão da loja poder vender e garantir a autenticidade dos produtos Chanel sendo vendidas lá. A WGACA também usava frases de Coco Chanel em post em suas mídias sociais e o nome da fundadora em cupons de desconto. A marca Chanel alegou que essa prática criava a falsa percepção de que a Chanel e a WGACA eram oficialmente afiliadas.
Com o resultado do processo, agora a WGACA deixa bem claro em seu site a frase “não somos licenciados a nenhuma marca”. Mas a decisão também implica que algumas lojas podem considerar arriscado ter certos produtos à venda em suas prateleiras, independente das boas intenções dos revendedores.
Como fica o cenário dos brechós
Nos últimos cinco anos, houve um crescimento vertiginoso de brechós de luxo e plataformas de revenda e as marcas têm tentado se proteger desse mercado alternativo. O veredicto em favor da Chanel reacende uma antiga discussão, o da garantia da autenticidade de produtos em revenda. “De agora em diante, outros revendedores devem ter cuidado e divulgar o seu processo de autenticação sem alegar que é algo inequivocamente autêntico”, disse Susan Scafidi, fundadora do Fashion Law Institute, em declaração ao site Fashionista.
Susan também acrescenta que a revenda “subitamente se tornou um negócio perigoso” e que independentemente das boas intenções de revendedores e autenticadores, erros podem ser cometidos, gerando consequências legais. Como no em um caso em 2022, onde a Louis Vuitton abriu investigação após uma cliente comprar uma bolsa falsa da marca na China. Curiosamente, a mesma situação foi o estopim para o processo da Chanel este ano.
No Brasil, os principais brechós de luxo que vendem bolsas usadas são lojas como Gringa, Pretty New e Etiqueta Única. Mas as verificações de autenticidade dos especialistas responsáveis ainda carecem de mais transparência. Agora, com a decisão do processo da Chanel, pode ser que esse mercado secundário sofra ainda mais.
De acordo com Zachary Briers, sócio do escritório de advocacia Munger, Tolles & Olson, disse em um artigo para a Vogue Business que o que ocorreu não decreta uma “sentença de morte” para o segmento. “Você pode investir mais em autenticação e conformidade interna para garantir que não está ultrapassando os limites quando se trata de materiais de marketing”. A sugestão é estabelecer um processo mais confiável de autenticação.
Então, ainda existe um futuro para os brechós de luxo, mas no momento, é um futuro um tanto incerto.