Chloé muda de década: Chemena Kamali abandona boho e aposta nos anos 80

Chemena Kamali leva a Chloé aos anos 80 com ombros marcados, florais ousados e silhuetas, uma nova era de feminilidade com memória e muita atitude

07 out, 2025
Desfile Cholé | Reprodução/Cloé
Desfile Cholé | Reprodução/Cloé

A passarela da Chloé nesta temporada trouxe uma surpresa: o boho delicado e solar, que a diretora criativa Chemena Kamali havia resgatado com sucesso do DNA da maison, ficou para trás, ao menos por enquanto. No lugar das referências setentistas que marcaram seu início à frente da marca, Kamali propôs um verão ancorado nos anos 1980, mais estruturado, gráfico e com ecos de uma feminilidade marcante e nostálgica.

Kamali, uma das únicas duas mulheres no comando criativo de grandes maisons em Paris ao lado de Sarah Burton na Givenchy, mergulhou no acervo histórico da Chloé e foi buscar inspiração em um nome de peso: Karl Lagerfeld, que comandou a marca entre os anos 60 e 80. O resultado? Ombros marcados, golas altas, leggings de cintura alta combinadas com tops de babados e vestidos com grandes estampas florais estilizadas, que lembram tanto as tapeçarias vintage quanto as telas expressionistas.

Um desfile de altos e baixos

Os looks evocam uma aura “Lady Di encontra a mulher contemporânea”, uma fusão entre a doçura retrô e a força estética dos anos 80, com toques de humor e drama. Os florais oversized se tornam assinatura da temporada, aparecendo em vestidos de alça e saias com volumes estratégicos, drapeados e estruturas abauladas que criam silhuetas esculturais.


Florais exagerados, volumes estratégicos, golas altas e uma silhueta à la Lady Di: Chemena Kamali resgata a era Lagerfeld na nova coleção da Chloé
Desfile Chloé (Foto: reprodução/cloé)

Apesar do impacto visual e da coerência conceitual, parte da crítica apontou certa repetição na modelagem ao longo do desfile. Ainda assim, é inegável que Kamali conseguiu imprimir sua assinatura ousada, estudada e, principalmente, livre de saudosismo ingênuo. Não se trata de um revival nostálgico, mas de uma reinterpretação que dialoga com as novas narrativas da moda sobre feminilidade, força e memória.

Força e feminilidade

Kamali mostrou coragem ao abandonar uma fórmula que vinha funcionando. Assim, sua leitura do boho como símbolo de emancipação feminina nos anos 70 conquistou tanto o público quanto a crítica para experimentar um novo caminho. A decisão pode ser vista como um risco, mas também como um posicionamento claro: ela não está aqui para repetir, mas para evoluir.


Florais exagerados, volumes estratégicos, golas altas e uma silhueta à la Lady Di: Chemena Kamali resgata a era Lagerfeld na nova coleção da Chloé
Desfile Chloé (Foto: reprodução/chloé)

Resta saber se essa guinada para os anos 80 criará tanto desejo e frescor quanto sua fase anterior. Por ora, Kamali deixa claro que está interessada em construir uma Chloé plural, imprevisível e ousada, onde cada temporada é uma nova página  e não apenas um capítulo reeditado.

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