Recentemente, uma investigação policial na Itália revelou condições de trabalho alarmantes nas fábricas que fornecem para renomadas marcas de luxo como Dior e Giorgio Armani. O escândalo expôs práticas abusivas, incluindo a exploração de imigrantes em situação irregular, empregados sem registro oficial, alta produção sem tempo de descanso e salário indigno, chamando atenção de autoridades renomadas. Essa descoberta lançou luz sobre os bastidores sombrios da indústria de bolsas de grife, onde produtos vendidos a preços exorbitantes escondem uma realidade de injustiça e exploração.
Entre março e abril, sob o empenho das autoridades foram encontradas instalações clandestinas de fabricação e oficinas ilegais chinesas no país. Nestes estabelecimentos precários, diversos trabalhadores, principalmente imigrantes em situação irregular, enfrentavam condições de trabalho desumanas na produção das famosas bolsas de luxo.
A falta de supervisão adequada por parte das marcas sobre suas cadeias de suprimentos foi destacada por promotores em Milão, que iniciaram investigações diante das acusações. Os salários miseráveis pagos aos trabalhadores, que variavam entre US$ 2 e US$ 3 por hora, equivalente a R$10,96 – R$ 16,44, revelam uma triste realidade por trás do glamour do mercado de luxo.
Trabalhadores em produção contínua
Conforme divulgado em um relatório do Wall Street Journal, os empregados das fábricas envolvidas sofriam com salários baixos e condições de trabalho precárias. Era frequente encontrá-los em jornadas longas e sem medidas de segurança apropriadas. Em muitos casos, para manter uma produção de 24 horas por dia, eles eram obrigados a dormir no próprio ambiente de trabalho para manter a boa eficiência.
Baixo custo ao ser produzido, alto custo a ser vendido
Os dados tirados a partir de relatórios feitos pelos órgãos responsáveis, revelaram que a Dior destinava apenas US$ 57 que equivalente a R$ 312,27 para fabricar seus sofisticados acessórios de luxo, que alcançam o valor médio de US$ 2,7 mil em torno de R$ 15,2 mil, no mercado de luxo. Enquanto isso, a Armani investia cerca de US$ 270, aproximadamente R$ 1,4 mil, na produção de suas elegantes bolsas, vendidas por US$ 2 mil (cerca de R$ 11 mil). Esses dados ressaltam a significativa discrepância entre os custos de produção e os preços finais dos produtos de luxo, sem considerar os investimentos em materiais, design, distribuição e marketing das marcas.
Esclarecimento das marcas
Diante das acusações, a Dior escolheu não se manifestar publicamente até o momento. Enquanto isso, a Armani refutou categoricamente qualquer alegação de irregularidade, destacando que sua unidade de produção interna sempre implementou medidas robustas para garantir a conformidade na cadeia de suprimentos. A grife afirmou estar cooperando plenamente com as autoridades para esclarecer os fatos, conforme reportado pelo Wall Street Journal.
Após as investigações a justiça da Itália decretou que as fábricas envolvidas serão colocadas sob administração judicial por um ano, com o objetivo de assegurar que as operações dessas fábricas sejam conduzidas de forma ética.
A exposição das práticas antiéticas das marcas de luxo surge em um contexto em que o setor da moda enfrenta uma intensificação das demandas por responsabilidade em todas as etapas da produção. Essas revelações não apenas sublinham a distância entre a imagem sofisticada das grifes e a difícil realidade dos trabalhadores envolvidos na fabricação dos produtos, mas também ressaltam a urgência de reformas significativas dentro da indústria para garantir condições de trabalho justas e éticas.