Estética indie sleaze mistura punk, grunge e atitude debochada e retorna como tendência

Rebeldia está de volta em looks maximalistas que atingiram a principal busca de moda no Google em 2024

Bianca P. Athaide Por Bianca P. Athaide
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Foto destaque: cantora Charli XCX, uma das principais referências atuais do indie sleaze (Reprodução/Instagram/@chalixcx)

Novidade para alguns e nostalgia para muitos, o estilo que marcou a geração de blogueiras do Tumblr de 2010 está de volta como uma avalanche no meio das it girls: o indie sleaze, que mistura um  visual propositalmente desleixado, com influências do grunge e do punk, sai das tumbas de noitadas underground do começo da década e, graças a natureza cíclica do mundo da moda, atinge o patamar de tendência novamente.


E se nos últimos anos, acompanhamos um maré de trends, que valorizavam a saúde mental e física, além de um visual put together (“em ordem”, em tradução livre), valorizando o minimalismo, como a estética clean girl, o indie sleaze chega com os dois pés na porta em oposição, trazendo de volta, junto com a ajuda das maiores estrelas do pop atual, como Olivia Rodrigo e Charli XCX, a personagem descontraída e despreocupada da messy girl.

Estilo para além da moda

O fenômeno cultural indie deu seus primeiros passos no final da década de 2000, atingindo seu ápice por volta de 2010. A estética visual que representou o movimento no cenário da moda era totalmente alternativa e despreocupada, refletindo um sentimento de rebeldia e inconformidade. Batizada de indie sleaze a tendência esteve totalmente ligada, durante seu momento de crescimento, a dois pilares principais: o cenário musical, com artistas como Arctic Monkeys, The Strokes e a cantora Lana Del Rey e o mecanismo disseminação, a plataforma online Tumblr, que era febre entre os jovens da época. 


Modelo Kate Moss, no Glastonbury Music Festival em 2005 (Foto: reprodução/Matt Cardy/Getty Images Embed)


Adolescentes ligadas ao universo fashion e amantes da nova tendência passavam horas salvando e publicando fotos que serviam de inspiração na hora de montar os novos looks. E se até então, o indie sleaze parecia novidade, muitos descobriram que na verdade ele já era marca visual registrada de nomes gigantes como Kate Moss, Sienna Miller e Alexa Chung, que com suas camisas xadrez oversized, meia-calças rasgadas e botas western vintage, encarnaram o maximalismo underground, herdeiro do sex appeal do rock dos anos 80.  

Mas, mais do que uma tendência, o indie sleaze consegue reverberar como comportamento pessoal, caminhando contra as normas da sociedade, desde hábitos saudáveis até ostentação de lançamentos tecnológicos, admirando o analógico. Movimento esse, presente atualmente entre a geração Z, que transforma câmeras digitais e fone de ouvido com fio, característicos dos anos 2000, em acessórios de styling. No cenário social, o retorno da estética é uma clara resposta da geração atual ao conservadorismo político, que influencia múltiplos contextos, inclusive da moda.

Indie sleaze comercial

Quebrando o apelo contra-hegemônico de tribo, o estilo chegou ao mainstream ao ser adotado pelas principais estrelas atuais da juventude, como Charli xcx, Addison Rae e Olivia Rodrigo. Peças chunky, comprimentos mini, meias arrastão, rímeis borrados e referências do grunge e gótico estão presente no guarda-roupa (e nas publicações nas redes sociais) dessas estrelas, criando-se um aura maximalista de vivência em noites selvagens e atitude indomáveis, gerando uma vontade de viver o mesmo em quem as acompanha.


Olivia Rodrigo, em sua turnê GUTS, em 2024 (Foto: reprodução/Kevin Mazur/Getty Images Embed)


Além do apelo na cultura pop, o indie sleaze já vem a algum tempo sendo notado em passarelas ao redor do mundo. A passagem de Hedi Slimane, em 2015, na grife Saint Laurent envolveu peças que poderiam facilmente entrar no guarda-roupa de qualquer entusiasta – de cardigãs de tricô desgrenhados, camisas xadrez grandes usadas como vestidos e, o famoso, jeans skinny colado. Assim, fica óbvio que o indie caminha rapidamente para expulsar as estéticas clean do coração das fashionistas, falta saber quanto tempo irá durar no topo e qual a próxima tendência a tomar o seu lugar.