Projeto de lei aprovado nesta terça-feira (10) pelo Senado francês impõe restrições à indústria de fast e ultra fast fashion, mirando diretamente plataformas estrangeiras como Shein e Temu. A proposta, em tramitação há mais de um ano, foi protocolada pela deputada Anne-Cécile Violland e aprovada por unanimidade na Assembleia Nacional.
O argumento central do projeto é o impacto ambiental e social do modelo de produção ultrarrápida. A senadora Sylvia Valente Le Hir, integrante do partido Os Republicanos e relatora do texto, afirmou que a proposta traça uma linha clara entre a moda ultrarrápida — a qual se pretende regular — e a moda acessível e enraizada — que gira a economia e o mercado de trabalho francês — a qual se quer preservar.
Procurando evitar o consumo excessivo, que gera grande volume de resíduos e prejudica a indústria têxtil local.
Medidas e penalizações
Faz parte do projeto uma série de medidas rígidas contra empresas consideradas poluidoras. As quais são: a proibição de publicidade de plataformas chinesas no território francês; penalidade mínima de 10 euros por peça até 2030, caso as empresas não respeitem os critérios ambientais, podendo a multa alcançar até 50% do valor do produto.

Para além, as empresas de ultra fast fashion deverão conscientizar os consumidores, apresentando o impacto ambiental de seus produtos e pagar ecocontribuição baseada na sustentabilidade dos produtos.
Críticas e apoio político ao projeto
Críticos da proposta, como Quentin Ruffat, porta-voz da Shein na França, alegam que as medidas devem ser aplicadas a todas as empresas de forma igualitária para serem realmente eficazes, já que o texto apresenta normas mais rígidas às empresas chinesas e protege varejistas como Zara e H&M.
Apesar disso, o texto recebeu amplo apoio no parlamento francês, porque a produção em larga escala e os preços baixos praticados pelas chinesas promovem concorrência desleal com o mercado francês.
A lei, caso sancionada, representará uma das ações mais incisivas da Europa contra a fast fashion e poderá servir como referência para outras nações que enfrentam questões semelhantes.