Chegou a era da “ugly fashion“. Em especial, dos “ugly shoes” sapatos com uma aparência que foge do convencional e que talvez, anteriormente, seriam julgados como muito conceituais e práticos demais para chegar ao público mainstream. Agora, eles se tornaram objeto de cobiça e invadiram as ruas.
O começo de tudo
Tudo começou em 2018, quando a Balenciaga lançou o Triple S, o precursor da tendência dos “dad sneakers”, ou seja, tênis que remetem aos modelos majoritariamente usado por pais na década de 90, mas que foram repaginados com um estilo streetwear e, em seguida, viraram alvo de imitação para diversas marcas.
Dad sneakers (Foto: reprodução/Instagram/@matches)
Esse estético desencadeou também na ascensão das papetes, birkenstocks e semelhantes com os solados pesados. Na sequência, ressurgiram os – até então inaceitáveis – Crocs, em passarelas paralelamente à época de pandemia, onde a maior demanda era o conforto. Houve então a consagração da era dos sapatos “feios” com modelos inflados e/ou peludinhos que remetem a estética Y2K.
Papetes da Birkenstock (Foto: reprodução/Instagram/@birkenstock)
Furry shoes
Os sapatinhos peludos ganharam espaço fora das passarelas e podem chegar aos pés das “cool girls” e socialites, principalmente durante os dias mais frios do ano. A estética está em ascensão durante a última temporada dos desfiles de moda nos meses de fevereiro e março deste ano, assim como nas pesquisas do Google.
De acordo com dados fornecidos pelas plataformas de buscas, durante a Paris Fashion Week houve um aumento de 45% nas pesquisas por estes sapatos peludinhos. Para mais, o termo furry shoes registrou um crescimento de, 133% na plataforma inglesa Depop, semelhante ao Enjoei, em comparação com a semana anterior.
Beleza relativa
Sempre é importante lembrar que a beleza está nos olhos de quem vê e o gosto para moda é subjetivo e mutável, assim como tudo. Por exemplo, um dos ugly shoes mais famosos de todos os tempos: tabi boots, foram lançadas em 1988 pela Margiela e tem como lema “é bonito ser feio”. Com a ascensão dos sapatos “feios”, o design do Tabi foi inspirado em meias japonesas do século XV deixou de ser cult e underground para se tornar um objeto de desejo, sendo usado até no figurino da série Emily em Paris.
Coleção pessoal de seguidora de Tabi boots (Foto: reprodução/Instagram/@margietab1)
Releitura
O trabalho de Phoebe Philo na grife Céline é passível de atribuição do lugar conquistado pelas papetes e semelhantes no mercado das grifes durante os últimos anos. Também cabe a ela o reaparecimento dos sapatos furry dos anos 70 com interpretações contemporâneas e refinadas.
Celine compartilha furry shoes em sua página (Foto: reprodução/Instagram/@oldceline)
Na publicação, Phoebe relembra seu design para a primavera de 2013, é impressionante como o estilo continua atual. Com seu retorno tendo data marcada, a espera para descobrir a próxima visão da estilista britânica que será apresentada no próximo mês.
Influência digital
Em uma era onde tudo é definido pela presença online, viralizar é o objetivo de muitos criadores e, para alcançar essa meta, nada é melhor do que usar itens nada convencionais ou chocantes. Não somente isso, mas em um cenário onde as tendências atingem um cenário global e são demasiadamente efêmeras, a autenticidade é a característica mais preciosa, portanto, sempre há compra de produtos com personalidade, que fogem do neutro e que comuniquem suas particularidades através da moda.