Listras preto e branco mantêm viva a aura de rebeldia na moda e na cultura pop

As listras em preto e branco atravessam séculos carregando significados de contestação, ousadia e inconformismo. Mais do que uma simples escolha estética, elas funcionam como um código visual capaz de transmitir rebeldia e singularidade. De personagens icônicos como Wandinha Addams, com seu ar gótico e irônico, e Beetlejuice, com sua irreverência sombria, a figuras reais […]

08 ago, 2025
Foto destaque:  Elise Seitz na Alemanha (Reprodução//Getty Images Embed)
Foto destaque: Elise Seitz na Alemanha (Reprodução//Getty Images Embed)
Elise Seitz usando roupa listrada

As listras em preto e branco atravessam séculos carregando significados de contestação, ousadia e inconformismo. Mais do que uma simples escolha estética, elas funcionam como um código visual capaz de transmitir rebeldia e singularidade. De personagens icônicos como Wandinha Addams, com seu ar gótico e irônico, e Beetlejuice, com sua irreverência sombria, a figuras reais como Kurt Cobain, que desafiou convenções no rock, e Madonna, que reinventou padrões na música pop, a padronagem se tornou um recurso simbólico para marcar identidades fortes.

Seja no palco, no cinema ou nas ruas, as listras em preto e branco funcionam como um manifesto silencioso, projetando ao olhar externo uma mensagem clara: quem as veste não tem medo de destoar e desafiar o que é considerado “normal”.

Origem histórica do símbolo

Na Idade Média, trajes listrados não tinham o charme que conhecemos hoje. Eram, na verdade, um sinal de marginalização. Palhaços, boêmios, prostitutas e até hereges eram retratados usando a estampa, reforçando seu vínculo com grupos considerados à margem. Em 1310, um caso extremo na França ilustrou essa rejeição: um sapateiro teria sido condenado à morte por usar roupas listradas.


Convidada veste uma blusa listrada (Foto: reprodução/Edward Berthelot/Getty Images Embed)


Com o tempo, o padrão ganhou novas associações. No século 19, tornou-se característico dos uniformes de prisioneiros e, mais tarde, foi utilizado nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Esse passado sombrio consolidou a imagem das listras preto e branco como um símbolo de exclusão e resistência involuntária.


Duquesa de Cambridge (Foto: reprodução/WPA Pool/Getty Images Embed)


Do estigma à afirmação cultural

A partir do século 20, a estampa começou a aparecer no vestuário casual, mas manteve sua ligação com a ideia de não conformidade. No universo da cultura pop, ela continuou a ser adotada como um recurso para reforçar a imagem de personagens e artistas que se posicionam contra padrões estabelecidos.

O cineasta Tim Burton é um dos maiores entusiastas do padrão, incorporando-o em produções como Sweeney Todd (2007), A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999) e O Estranho Mundo de Jack (1993). Já na música, a subcultura emo dos anos 2000 também abraçou o visual, reafirmando sua conexão com emoções intensas e posturas contraculturais.

Além do preto e branco, as listras em outras combinações cromáticas também conquistaram espaço na moda. Gabrielle Chanel popularizou as listras náuticas no início do século 20, Sonia Rykiel nos anos 1960 explorou versões coloridas e Jean Paul Gaultier eternizou o padrão azul e branco inspirado nos marinheiros franceses. Já no universo esportivo, a Adidas transformou suas três listras em marca registrada, provando que o padrão, seja qual for a cor, continua a carregar força simbólica.

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