O retorno da dupla Meninos Rei foi um dos momentos mais aguardados da SPFW, reafirmando sua posição de destaque na moda brasileira. Conhecidos por incorporarem tecidos e referências africanas em suas criações, os irmãos Júnior e Céu Rocha mais uma vez surpreenderam o público com uma coleção vibrante, rica em história e inovação. Nesta edição, o diferencial ficou por conta das estampas autorais, assinadas pelo ilustrador Léo Barbosa, que deram ainda mais autenticidade às peças.
A coleção manteve sua essência maximalista, conectada diretamente às raízes afro-brasileiras, especialmente da cidade de Salvador, terra natal da dupla. A explosão de cores e o uso de estampas fortes remetem a um resgate cultural, exaltando a ancestralidade africana, mas sem perder de vista o toque contemporâneo que sempre caracteriza suas coleções.
Inclusividade em estilo e formas
Uma das características marcantes da coleção dos Meninos Rei é a diversidade de peças e formatos, pensadas para todos os tipos de corpos e estilos. A nova linha traz desde calças e saias, até macacões, jaquetas e coletinhos, ampliando o leque de opções para diferentes públicos. Essa versatilidade reflete a filosofia da marca, que preza por incluir pessoas de variados perfis em suas criações, rompendo barreiras tradicionais da moda.
Outro ponto alto são as silhuetas volumosas, uma assinatura dos designers, que apareceram principalmente nas peças com ombros marcados e formas amplas. Embora as estampas vibrantes e chamativas dominem a maioria da coleção, nesta edição houve uma novidade: a introdução de peças em branco com apenas leves sombreados de desenhos. Esse recurso não só suavizou o impacto visual, mas também destacou o trabalho minucioso de modelagem, criando uma harmonia entre os volumes e os gráficos usados.
Valorização da cultura afro-brasileira
Ao trazer uma moda afro centrada para uma das maiores semanas de moda do Brasil, Meninos Rei continua valorizando e ampliando o espaço para narrativas negras na moda nacional. As escolhas dos tecidos, as estampas e as modelagens remetem à herança cultural afrodescendente, um resgate importante em um país com uma forte população negra, mas ainda marcado pela falta de representatividade em várias áreas.
Essa valorização, porém, não se restringe ao aspecto estético. A coleção também dialoga com questões de identidade e inclusão, ressaltando como a moda pode ser um canal potente para expressão de culturas muitas vezes marginalizadas. Ao unir estilo, tradição e modernidade, Meninos Rei reforça o poder da moda como meio de resistência e afirmação cultural.