Para quem é familiar com a história e carreira de Miuccia Prada sabe que a estilista, e também Doutora em Ciências Políticas, faz questão, na maioria de suas coleções, de corroborar sua juventude politizada e fashionista, principalmente quando o resultado é pensado para Miu Miu. Mas muito se engana os que pensam que a marca ainda é uma espécie de irmã caçula da tradicional Prada. Segundo sua própria fundadora – o nome Miu Miu, inclusive, provém do apelido de infância de Miuccia – a etiqueta não se resume a idade, mas sim jovialidade, e foi isso que ficou impresso na coleção primavera/verão 2025, apresentada no último dia da Semana de Moda de Paris.
A garota Miu Miu cresceu, atingiu a maioridade e hoje lança tendências e questionamentos, e nesse lançamento em específico, sua diretora criativa quis investigar a percepção que a mulher tem de si mesma e encorajar os convidados a refletirem de maneira crítica sobre questões de desinformação e manipulação em um universo recheado de acesso à informação.
Conceito traduzido em roupas
O comprimento das saias alongou e a Miu Miu abandona seu mega sucesso das minis e embarca em uma nova trajetória. Juntamente, as peças de baixo ganharam protagonismo de maneira mais volumosa, apostando descaradamente no comeback do caimento balonê.
O volume também fica a encargo dos plissados das saias, muito mais largos e soltos. Miuccia também decidiu apostar na volta de um velho conhecido da marca, a estética college, de forma menos habitual, com maiôs, cintos metálicos, óculos retrô – outra peça de extrema importância para o lado comercial de vendas da grife italiana – e agasalhos oversized.
As estampas geométricas em parceria com a transparência, os sapatos de formato estranho ao olhos e os bordados absortos também são aspectos carimbados da Miu Miu, estando presentes, de diversas maneiras, desde da primeira coleção lançada pela marca. A temática do desfile é resumida em a “verdade” das roupas não significa nada. Em outras palavras, em Paris, elas não são usadas de maneira convencional.
Casting para além do esperado
Outro ponto alto do desfile da Miu Miu, foi a escolha de modelos. Uma boa parte do casting era formado por não-modelos. Nomes como a atriz Hilary Swank, a fashionista Alexa Chung, a rapper Little Simz e a filha de Nicole Kidman, Sunday Rose, que abriu o desfile.
O renomado ator, famosos por seus inúmeros papeis incorporando vilões, estrela de obras como Pobres Criaturas (2023) e Nosferatu (2024), Willem Dafoe, que já desfilou para a Prada no inverno 2012, fechou a apresentação, chocando a muitos com sua inusitada, mas bem-vinda, presença.
Já o que a designer quis dizer com essas escolhas? Não sabemos. Mas, quem a conhece sabe: Miuccia Prada não dá ponto sem nó, às vezes a linha da costura só não é, propositalmente, visível a todos.