Nesta trajetória singular, Miuccia Prada nunca teve a intenção de seguir os passos da família na moda. Formada em Ciências Políticas e com experiências no teatro e no cinema, ela via o universo fashion como algo superficial e incompatível com seus ideais feministas e de esquerda.
No entanto, ao assumir a Prada nos anos 1970, decidiu que, se era para entrar nesse mundo, faria isso à sua maneira: com reflexão, ousadia e propósito. Dessa maneira, ela converteu a marca familiar em um império global, unindo moda, arte e reflexão de uma maneira exclusiva.
Estética como provocação e identidade
Nos anos 1990, Miuccia lançou a “Miu Miu“, marca jovem e experimental. Foi seu auge da ousadia, dando espaço ao “feio interessante” e desafiando os padrões estabelecidos de beleza. Suas coleções misturam elementos intelectuais, políticos e culturais, criando peças que provocam, desconcertam e convidam à reflexão.
Sempre se destacou ao explorar contrastes poderosos, entre luxo e simplicidade, força e vulnerabilidade, moda e arte. Essa inquietação também se traduziu na criação da “Fondazione Prada“, em 1993, um espaço dedicado à arte contemporânea, filosofia, arquitetura e cinema — um verdadeiro laboratório de ideias, onde moda, cultura e pensamento crítico se encontram.
Miuccia Prada desfila durante o desfile da coleção outono/inverno 2025-2026 da “Miu Miu” (Foto: Reprodução/Victor VIRGILE/Getty Images Embed)
Prada cresce, e Miuccia lidera
Em 2024, aos 76 anos, Miuccia reafirmou seu papel de liderança com decisões ousadas. Lançou a linha de cosméticos da Prada, em parceria com a “L’Oréal Luxe“, e comandou a compra histórica da “Versace” por €1,25 bilhão. O grupo registrou uma receita de €5,4 bilhões, impulsionado por um crescimento expressivo de 58% nas vendas da “Miu Miu“. Com uma fortuna estimada em US$ 5,6 bilhões, Miuccia continua à frente da direção criativa e estratégica, recusando-se a seguir fórmulas fáceis ou a ceder às tendências passageiras.
Hoje, Miuccia Prada não representa apenas uma marca de luxo. Ela representa uma maneira única, e poderosa, de pensar a moda como linguagem, atitude e transformação.