Legado de Armani: Testamento define venda gradual e plano de IPO da Maison

Em uma decisão que marcou uma guinada inédita para a maison fundada há cinco décadas, o testamento de Giorgio Armani, que faleceu em 4 de setembro aos 91 anos, estabelece que seus herdeiros devem vender gradualmente o controle da grife ou, como alternativa, promover sua listagem em bolsa. A determinação representa uma ruptura com a […]

12 set, 2025
Foto destaque: Giorgio Armani em seu desfile na Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Bertrand Guay/Getty Imagens Embed)
Foto destaque: Giorgio Armani em seu desfile na Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Bertrand Guay/Getty Imagens Embed)
Giorgio Armani em seu último desfile em Paris

Em uma decisão que marcou uma guinada inédita para a maison fundada há cinco décadas, o testamento de Giorgio Armani, que faleceu em 4 de setembro aos 91 anos, estabelece que seus herdeiros devem vender gradualmente o controle da grife ou, como alternativa, promover sua listagem em bolsa. A determinação representa uma ruptura com a tradição de independência que caracterizou toda a trajetória do estilista, que sempre resistiu a propostas de diluição de sua participação na empresa.

O documento especifica que, dentro de 18 meses a partir da abertura da sucessão, deverá ser alienada uma primeira fatia de 15% do capital social. Em seguida, entre três e cinco anos após a morte do criador, os herdeiros ficam obrigados a transferir ao mesmo comprador adicionalmente entre 30% e 54,9% das ações. A prioridade de aquisição recai sobre grupos de porte global como LVMH, L’Oréal e EssilorLuxottica ou outras empresas de relevância equivalente identificadas pela Fundação Giorgio Armani. Caso não haja acordo com esses potenciais sócios, o testamento determina a realização de uma oferta pública inicial, seja na Bolsa de Milão ou em mercado similar no exterior.

Histórico da Maison

Ao longo da vida, Armani manteve um controle rigoroso sobre todas as decisões criativas e administrativas de seu império, recusando ofertas que pudessem comprometer as raízes italianas e o estilo minimalista que o consagraram. Em 2024, a companhia reportou receita de 2,3 bilhões de euros, mas registrou queda nos lucros em meio à desaceleração global do setor de luxo, cenário que pode ter influenciado as diretrizes pós-morte do estilista.


Giorgio Armani na Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Marc Piasecki/Getty Images Embed)


Para assegurar a preservação de seus princípios, o testamento prevê seis classes de ações com direitos de voto diferenciados. A Fundação Giorgio Armani receberá 30% desses direitos, enquanto Pantaleo Dell’Orco, parceiro de negócios e de vida do estilista, caberá 40%. Juntos, eles manterão 70% do poder decisório. Além disso, caso a família opte pela abertura de capital, a fundação garantirá, no mínimo, 30,1% do capital social, preservando uma influência significativa sobre a condução da empresa.

Expectativas futuras

Analistas do mercado veem o grupo LVMH, avaliado em cerca de 240 bilhões de euros, como o candidato mais forte à aquisição, graças ao seu histórico de investimentos em marcas de luxo e à capacidade financeira para arcar com um negócio estimado entre 5 e 7 bilhões de euros. Essa perspectiva abre caminho para uma possível redefinição do cenário competitivo no setor da moda, colocando a Armani em posição de protagonismo em uma das maiores operações do mercado de luxo dos últimos anos.


Giorgio Armani na Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Estrop/Getty Images Embed)


Além das instruções de venda e governança, o testamento enfatiza a necessidade de manter um estilo essencial, moderno, elegante e discreto, com foco em inovação, excelência, qualidade e refinamento dos produtos. Essas orientações, aliadas à estrutura de controle delineada, indicam a preocupação de Armani em perpetuar não apenas seu legado financeiro, mas também os valores estéticos e éticos que nortearam sua carreira.

Mais notícias