Em janeiro deste ano, Pharrell apresentou a coleção outono- inverno com a Louis Vuitton, trazendo um clima totalmente faroeste e a história dos cowboys negros na história americana. Tempos depois, Beyoncé usou um dos looks apresentados no desfile, para o Grammy 2024.
A cantora lançou o álbum ”Cowboy Carter” na ultima sexta-feira (29), sendo a segunda parte de três atos da sua era “Renaissance” que se iniciou em 2022. O álbum, no entanto, traz diversas referências e questões sociopolíticas, pouco abordadas em sociedade.
Movimentação da indústria para a cultura country
Além de transportar toda a plateia para looks com artesanias como bordados, pinturas a mão, estampas, franjas, babados e peças em alfaiataria, couro e xadrez, Pharrell se concentrou em levar uma critica social até seu publico. Na qual consiste em mostrar a sua ancestralidade e a real aparência dos cowboys americanos e povos nativos.
Diferente da representação na maioria dos filmes norte-americanos, que mostram em uma visão utópica, pele branca, olhos azuis e cabelos loiros. Que por hora, são os homens pretos e fundamentalmente os povos nativos. Em consonância, a passarela foi expressivamente ocupada por modelos não-brancos.
Beyoncé vem abordando desde seu álbum ”Lemonade”, lançado em 2016, questões raciais, ancestrais e sociais. Em ”Cowboy Carter”, marca uma tomada oficial na música country e a recuperação da identidade country negra. A artista, que esta sentada em um cavalo branco na capa de seu novo disco, segurando a bandeira americana, um chapéu na cabeça e o cabelo platinado.
As especulações entre os fãs sobre o significado da capa são diversos, indo entre questões ativistas até homenagem às estrelas negras do rodeio. No entanto, o álbum não se trata apenas sobre aparência e sim sobre uma narrativa de uma história na qual, não foi contada e preservada, tendo recortes importantes esquecidos.
O racismo na indústria musical
O campo artístico musical representa em sua grande parte, uma possibilidade de inserção profissional para todo um grupo, entretanto, existem barreiras causadas por raça, ficando bem evidente em alguns casos como, a rádio country de OklahomaKYKC, após ter se recusado a tocar as faixas de Beyoncé, alegando que ela não fazia parte do gênero. Semelhante a Chuck Berry na década de 50, considerado um precursor do rock por grande maioria, mas com sua carreira inviabilizada.
Ter agentes culturais como Pharrell Williams e Beyoncé na linha de frente, oferece muito mais do que uma influência ao efêmero dos dias atuais. Mas se colocam como pioneiros na quebra de rupturas sociais na posição de protagonismo que possuem. A amplificação a novos públicos, retomando a importância de gerar conversas pertinentes em grupos distintos.