Prada se envolve em nova polêmica de apropriação cultural

Após a Vogue Americana reacender o debate sobre apropriação cultural na moda, e a Dior ser criticada por apresentar uma saia chinesa inspirada na Dinastia Ming, a Prada também passou a enfrentar acusações semelhantes. Durante o desfile da coleção primavera/verão 2026, em Milão, a marca gerou controvérsia nas redes sociais ao apresentar sandálias rasteiras de […]

26 jun, 2025
Foto destaque: Kolhapuri chappals, sandálias tradicionais indianas de couro, feitas manualmente por artesãos em Maharashtra e Karnataka (reprodução/Mahendra Parikh/Vydia Subramanian/Getty Images embed)
Foto destaque: Kolhapuri chappals, sandálias tradicionais indianas de couro, feitas manualmente por artesãos em Maharashtra e Karnataka (reprodução/Mahendra Parikh/Vydia Subramanian/Getty Images embed)
Sandálias Kolhapuri artesanais, símbolo da herança cultural indiana, feitas com couro seco e técnicas transmitidas entre gerações.

Após a Vogue Americana reacender o debate sobre apropriação cultural na moda, e a Dior ser criticada por apresentar uma saia chinesa inspirada na Dinastia Ming, a Prada também passou a enfrentar acusações semelhantes. Durante o desfile da coleção primavera/verão 2026, em Milão, a marca gerou controvérsia nas redes sociais ao apresentar sandálias rasteiras de dedo idênticas às Kolhapuri chappals, calçado tradicional indiano com forte valor cultural.

Contexto da controvérsia

O desfile mais recente de Raf Simons e Miuccia Prada, diretores criativos da marca, a sandália, na cor marrom, complementou looks com uma estética esportiva e outros que estão com uma aura confortável e casual. As coleções da grife costumam ser cheias de significado, e nesta coleção, ele é colocado como algo agradável e genuíno.


Desfile da Prada na Semana de Moda de Milão (Vídeo: reprodução/YouTube/Prada)

Kolhapuri é uma sandália tradicional e centenária indiana. Principalmente em províncias dos estados de Maharashtra e Karnataka, a sua matéria-prima é couro seco de búfalo e elas são confeccionadas à mão. O selo de Indicação Geográfica foi atribuído a esses locais em 2019, que associa o lugar de início de serviços e produtos.

O que dizem as redes sociais

A grife Prada não mencionou sobre os artesãos que costuraram à sandália ou a referência que que utilizou, então, vários internautas começaram a questionar sobre apropriação cultural nas redes, o que inclui um comentário de um post feito pelo perfil DietSabya: “Não quero ser aquela tia chata, mas estamos prontos para uma Prada Kolhapuri que nos custará £1.000 o par?”, perguntou o perfil.

Um usuário do X (antigo Twitter) falou: “Por gerações, dedicamos nossa alma a este ofício. Não se trata apenas de calçados, é a nossa identidade. Dêem-nos o respeito que merecemos ou parem de roubar nossa arte, por favor”.

Outro usuário, respondendo ao anterior comentou: “Inspirar-se em algo e roubar a arte de alguém são duas coisas diferentes”.


Sandália que casou polêmica em Semana de Moda de Milão (Foto: reprodução/Instagram/@prada)



O preço caríssimo que geralmente é o de produtos de marcas de luxo fortalece críticas de casos parecidos. O ponto principal é a apropriação cultural de símbolos por grandes corporações, que transforma o trabalho de uma comunidade em mercadorias sem dar os devidos créditos ou um ressarcimento aos povos responsáveis pela criação desses objetos culturais.

Histórico de acusações

A Prada já esteve envolvida nesse tipo de polêmica. Uma sandália de tiras de couro entranhada da grife em 2019 foi bastante criticada nas redes sociais, incluindo famosos brasileiros, por ser colocada como plágio de sandálias rasteiras vendidas no Nordeste.

A grife não se pronunciou, mas apagou um post que destacava o sapato após usuários digitarem comentários negativos. Outras grandes marcas de luxo também já estiveram envolvidas em polêmicas como essa, como a Fendi, Louis Vuitton, Carolina Herrera e Alexander McQueen.

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