Dupes: entenda linha tênue entre inspirações e plágio

Bianca P. Athaide Por Bianca P. Athaide
4 min de leitura
Foto destaque: Sapatilha da grife Miu Miu usada de inspiração pelas principais marcas de fast fashion pelo sucesso obtido (reprodução/Instagram/@miumiu)

A maioria das pessoas conhece aquele ditado “Nada se cria, tudo se copia”, mas no universo comercial da moda, o quão longe caminham inspiração e cópia? Esse questionamento é cada vez mais relevante graças à viralização nas redes sociais dos chamados “dupes”.

No TikTok, as pesquisas com tal palavra somada a algum artigo, principalmente dos ramos da moda e da beleza, somam mais de 223 mil resultados. Capaz de ser configurada como uma tendência, a viralização dos dupes instiga debates de sustentabilidade, criatividade, abertura de mercado e o limite entre a inspiração e plágio.


Bolsa tiracolo da grife Pacco Rabanne (Foto: reprodução/Farfetch)

Bolsa tiracolo inspirada na da grife Pacco Rabanne, comercializada pela loja de fast fashion Renner (Foto: reprodução/Renner)

O universo dos dupes

Questionável ou não, o universo de dupes é imenso e sua magnitude é resultado principalmente pela dinâmica da faixa etária mais jovem e seu consumo de conteúdo nas redes sociais. Vídeos nas redes sociais de influenciadores indicando produtos similares a grandes lançamentos, com basicamente apenas o valor de diferença, viram sucessos. 


Bota estilo biker da grife Miu Miu (Foto: reprodução/Farfetch)

Bota estilo biker comercializada pela Zara (Foto: reprodução/Zara)

O raciocínio por trás dessa enorme viralização é o desejo consumista e a maior abertura de mercado, onde cada vez mais se tem reconhecimento a específicas mercadorias – que o valor só é acessível a uma pequena parcela rica da população – em contrapartida a uma geração, em sua maioria ainda na juventude, sem potência de compra.

Dupes e o debate da sustentabilidade

A maioria dos produtos categorizados como dupes são comercializados em redes de fast fashion, pela sua incessante rapidez e variabilidade de peças. Grifes como Miu Miu e Balenciaga – duas das que mais sofrem com cópias – demoram meses para lançarem peças, que ao fazerem sucesso nas redes, são duplicadas e vendidas em questão de semanas nas principais redes de fast fashion, como Zara e Shein. As diferenças ficam no quesito qualidade e preço, cada vez mais barato, menos durabilidade o produto terá e mais rápido será descartado. 

O acesso rápido, barato e fácil para todo tipo de big tendência no universo da moda, acaba por retrair o debate do consumo sustentável. Peças que viram trends nas redes acabam por não terem uma longa vida no guarda roupa daquele consumidor que só realizou a compra do dupe por ver seu influenciador favorito comprando o original, mas pouco tempo depois, essa peça certamente será trocada por outra, criando um ciclo de consumo e aumento na produção de lixo sem fim.


Bolsa tiracolo da grife Bottega Veneta (Foto: reprodução/Farfetch)

Bolsa tiracolo inspirada na da grife Bottega Veneta, comercializada pela loja de fast fashion C&A (Foto: reprodução/Renner)

A ambiguidade dos dupes

A problematização dessa tendência caminha por uma linha muito tênue entre o desperdício e a cópia e a tão necessária democratização da moda. Embora eles apresentem uma alternativa para um maior número de pessoas possam entrar em suas trends favoritas, os dupes também aumentam um ciclo desenfreado de compra e desejo. Enquanto o fim da cultura de exclusividade da moda de luxo é defendido, a resposta em contrapartida também não pode ser o consumo desenfreado de peças de baixa qualidade, além da alimentação de plágios e um desejo de status. A questão dos dupes pode trazer muitos debates para as gerações mais novas sobre o consumo consciente, enquanto buscam alternativas acessíveis e que preencham seus desejos.

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