Nesta quinta-feira (01), Yves Saint Laurent completaria 88 anos. Nascido na Argélia em 1936, ele chegou a servir ao exército de seu país antes de revolucionar o mundo da moda. Com apenas 17 anos, deixou sua casa para trabalhar como assistente de Christian Dior.
Menos de cinco anos depois, Yves encarou um dos maiores desafios de sua carreira ao assumir a direção da maison após a morte de seu mentor, que ocorreu em 1957, devido a um ataque cardíaco.
Sua chegada na Dior foi destacada com o vestido trapézio, que foi estreado nas ruas de Paris. Por conta da Guerra de Independência da Argélia (1954-1962), Yves teve que se alistar no exército contra sua própria vontade. Sua jornada na guerra durou 20 dias, onde relatou maus-tratos físicos e psicológicos.
Em 1962, decidiu criar sua própria marca, se desligando da Dior e iniciando uma parceria duradoura, tanto pessoal quanto profissional, com Pierre Bergé.
Modelo utilizando Le Smoking (Foto: Reprodução/Reg Lancaster/Daily Express/Getty Images Embed)
Le Smoking
O terninho, considerado fundamental no guarda-roupa feminino, teve grande contribuição da YSL, que desafiou os preconceitos da sociedade parisiense, uma sociedade movida por ideias conservadoras e que possuía uma legislação que impedia o uso de calças compridas pelas mulheres.
Ao apresentar o icônico Le Smoking em 1966, o modelo se tornou bastante popular, em parte graças a uma das fotos mais emblemáticas do universo da moda, na qual uma modelo, enquanto fuma nas ruas de Paris, veste um blazer em tecido de lã grain de poudre, complementado com uma camisa de colarinho branco estilizada. A imagem foi capturada pelo fotógrafo Helmut Newton .
O Le Smoking estreou inicialmente no verão com a coleção Pop Art, uma linha de alta costura de Yves Saint Laurent daquele ano, conferindo mais personalidade a mulheres que buscavam emancipar-se em diversas áreas – pessoal, sexual e profissionalmente.
Revolução feminina
Celebridades como Bianca Jagger, Liza Minelli e Catherine Deneuve, que ainda hoje colaboram com a marca, são exemplos de figuras que adotaram a imagem de mulheres autoconfiantes, a qual permanece como um dos pilares da maison.
Hoje as mulheres andam normalmente de terno e calças compridas. Isso parece normal, cotidiano, mas na época a mulher era proibida de entrar num restaurante ou num hotel. O smoking, usado até hoje, foi uma provocação sexual, dirigido à mulher que queria ter um outro papel.
Suzy Menkes
A peça, constantemente revisitada nas passarelas por diversos diretores criativos da grife francesa, continuou a provocar controvérsias na sociedade da época. Há relatos de que a socialite americana Nan Kempner foi impedida de entrar no restaurante La Côte Basque, em Nova York, por estar vestindo o conjunto de YSL.
Em resposta, ela não hesitou e desabotoou a calça, ficando somente com o blazer. Com o passar das décadas, o terno acompanhou a evolução do pensamento e dos anseios femininos. Em 1970, ele ajudou a propagar as discussões sobre gênero e, na década de 1980, se tornou parte do cenário das mulheres ingressando no mercado de trabalho.
Catherine Deneuve e Yves Saint Laurent (Foto: reprodução/Alain Nogues/Getty Images Embed)
Yves Saint Laurent se despediu das passarelas em 2002, realizando um desfile que marcou seus 40 anos de carreira. O estilista faleceu de câncer em 2008, aos 71 anos, em Paris.