Apostas causam perdas de R$ 103 bilhões no varejo; INSS analisa restrições

Regularização traz preocupações, e INSS estuda veto para beneficiários em plataformas de apostas; confira os detalhes

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Foto destaque: Apostas causam perdas (reprodução/ClickerHappy via Pixabay)
Foto destaque: Apostas causam perdas (reprodução/ClickerHappy via Pixabay)

As apostas foram regularizadas no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2025, mas, antes disso, já era possível realizar apostas online no país, mesmo sem uma regulamentação nacional específica.

Agora, muitas bets autorizadas no Brasil já estão aptas a operar dentro da lei, sendo as únicas por meio das quais é possível realizar apostas regulamentadas. Jogue com responsabilidade.

Ao mesmo tempo, em que a segurança e a transparência aumentam com as novas leis nacionais, o varejo enfrenta uma preocupação crescente, já que o setor registrou grandes prejuízos em 2024.

Varejo tem perda bilionária

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realizou um estudo que acendeu um alerta entre os varejistas. De acordo com a pesquisa, o setor deixou de faturar R$ 103 bilhões ao longo de 2024, e o principal motivo foi o crescimento das casas de apostas.

O redirecionamento de recursos das famílias para as apostas é uma grande preocupação, especialmente considerando que, segundo a CNC, o total movimentado no setor chegou a R$ 240 bilhões no país.

O estudo aponta que a maior parte desse valor está concentrada nos cassinos online, com destaque para o Jogo do Tigrinho, que se tornou uma febre entre os apostadores. Segundo a CNC, 80% dos pagamentos foram destinados a jogos de cassino, enquanto as apostas esportivas tiveram uma procura significativamente menor.

“A ausência de regulamentação facilitou a lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas, prejudicando a economia formal. A popularidade crescente dos cassinos online tem desviado recursos que poderiam ser gastos em outros setores produtivos, como o comércio varejista, influenciando toda a cadeia produtiva”, destacou o estudo.

Além disso, cerca de 1,8 milhão de brasileiros entraram em situação de inadimplência devido às apostas, gerando preocupação com o aumento do endividamento.

Outro dado alarmante envolve beneficiários do Bolsa Família, que gastaram R$ 3 bilhões em apostas em apenas um mês de 2024. Esse cenário levanta um debate sobre o uso indevido do benefício, que deveria ser destinado a garantir melhores condições de vida para famílias em situação de vulnerabilidade, e não para apostas.

INSS cogita proibir dinheiro do BPC em bets

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estuda proibir a utilização de recursos do Benefício de Prestação Continuada (BPC) em plataformas de apostas.

O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, ressaltou a proposta como uma medida para mitigar a miséria.

“O BPC é para mitigar a miséria. Se há uso para apostas esportivas, ou nós concedemos o benefício errado, porque a pessoa não é miserável, ou há um mau uso do recurso”, afirmou Stefanutto ao jornal O Estado de S. Paulo.

Um estudo sobre o tema já foi encaminhado ao Ministério da Previdência. O BPC, pago pelo INSS, garante um salário mínimo mensal e é destinado a pessoas com deficiência e idosos de baixa renda. O benefício atende um público em situação de alta vulnerabilidade social, contemplando famílias cuja renda per capita não ultrapassa R$ 706 por mês, o equivalente a cerca de R$ 24 por dia.

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