O papel de protagonista que as mulheres ocupam na história da formação humana desde a noção de agrupamento social como família, tribo e posteriormente as cidades, que foram responsáveis por acolher toda e qualquer pessoa que precisa de um lugar para viver, hoje é bem conhecido, pelo menos no meio académico, na vida real a história infelizmente é um pouco diferente..
Mesmo durante um período histórico em que o ordenamento social colocou as mulheres em um lugar onde elas não eram consideradas pessoas de direito, ainda sim sua importância para a administração e manutenção da ordem sempre se apresentou como fundamental, ou seja, sem a atuação das mulheres nós não viveríamos numa sociedade como vivemos hoje.
Antes mesmo da noção de economia e administração na forma como conhecemos, elas introduziram as bases dessas técnicas desde os tempos da idade das cavernas. Nesse período elas eram as responsáveis por organizarem seus assentamentos, administrando seus viveres e cuidando das crianças que nasciam e seriam os futuros homens e mulheres que conduziriam as questões relacionadas às obrigações dentro do agrupamento.
Mulheres grávidas produzindo em seu ambiente de trabalho. (Foto: Reprodução/BrasildeFato)
A liderança exercida pela mulher, principalmente a autoridade e a orientação relacionadas as regras e a forma como vivemos é nítida. Essa condução, desde os primórdios, nos mostrava os princípios da administração e da economia muito antes da própria noção de organização social, ou seja, a influencia das mulheres, principalmente das mães na constituição do caráter social é imprescindivel.
Nesse contexto nós podemos classificar essa economia como a “Economia do Cuidado”. Atualmente quando falamos a palavra economia nos vem a mente regras que contribuem para organização de como vivemos em sociedade e são diretamente ligadas as demandas financeiras.
No contexto atual, onde o mundo tem se mostrado cada vez mais beligerante, a “Economia do Cuidado” tem papel fundamental quando nos ensina a lidar com as condições exigidas por esse momento pós-pandemia. E para sociedade funcionar e produzir o que é necessário para fazer o mundo girar, a empatia, colaboração e um olhar humanizado se faz imprescindível para alcançar uma sociedade mais tolerante. Para isso uma outra coisa é muito importante, “Inteligência Emocional”.
Mas o que isso tudo tem a ver com a importância das mães para a economia mundial? Tudo e mais um pouco. Por exemplo, quando vemos um adulto sadio e produtivo, não existe a possibilidade de obliterarmos que durante os processos de formação desse ser humano outras pessoas doaram horas de dedicação da higiene, alimentação, saúde, educação, bem-estar e o mais importante, a conservação e a estabilidade do ambiente onde vivemos. E quando pensamos nisso não da para deslembrar de quem cumpre esse papel com responsabilidade e galhardia são as mulheres.
A licença-maternidade é um direito que ainda precisa ser mais respeitado no ambiente corporativo. (Foto: Reprodução/ConexãoSaúde).
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, informou que, 48% das casas no Brasil tem as mulheres chefiando o domicilio, e um estudo conduzido pelo site Think Olga informou que 84% das mulheres tiveram redução de sua renda no período pandêmico. Nessa conjuntura a rotina das mães foi brutalmente alterada para 9 em cada 10 mulheres e toda empreitada invisível realizada por todas as mãe se tornou ainda mais exigente. Essa observação fortalece a inevitabilidade de se dar uma atenção especial as mães não só no dia que foi reconhecido para homenageá-la. As mães com todas as preocupações, tensões da maternidade e da maternagem, culpas, carinho, educação, liberdade e amor são marcantes deixando memórias que nos ajudam a construir nossa trajetória como cidadãos produtivos que vão contribuir no futuro com a economia e a geração de conhecimento e tecnologia.
Por isso é importante o mercado de trabalho olhar com mais carinhos para essas mães que contribuem economicamente com seu labor. Todos sabem que a maternidade não é vista com bons olhos pelo mercado de trabalho, que normalmente descarta a mulher que está gravida ou depois que vira mãe.
Hoje, a licença-maternidade, que está entre os direitos garantidos, e garante às mulheres uma saída segura com retorno garantido para seu ambiente laboral, é cada vez mais respeitada e compreendida, mesmo assim, esse processo precisa ser visto como mais natural pelos empregadores. Uma pesquisa de 2017 da Fundação Getúlio Vargas (FGV): “Metade das mulheres que tem filhos perdem o emprego em até dois anos depois da licença-maternidade”.
Ou seja, depois que vira mãe, a mulher precisa ainda mais de uma rede de proteção. Se pensarmos economicamente, ela vai ser a responsável, como mãe, por aplicar as técnicas da Economia do Cuidado. É notório que à mãe é tradicionalmente atribuída a administração dos horários de toda a agenda e tarefas da casa. Isso é aquilo que se chama de trabalho invisível sem remuneração. Essas funções ainda hoje encontram dificuldades de serem compartilhadas.
No mundo corporativo é muito importante esse assunto entrar na pauta como tema relevante por isso é importante criar uma cultura que possibilite às pessoas que cuidam possam conseguir gerir suas profissões e vida pessoal com equilíbrio. A equiparação salarial levando em consideração as diferenças de raça e gênero.
Nesse dia das mães vale ressaltar que o cuidado é um esforço de boa vontade coletivo, e a mudança de cultura só acontece com engajamento social, cultural e o institucional. Portanto o Dia das Mães é mais um dia para se lembrar do quanto é importante acolher, respeitar e dar liberdade para todas as mães.
Foto destaque: Reprodução/RevistaCrescer-Globo.