Andy Warhol, Marilyn Monroe e um retrato que pode ser a obra de arte mais  cara do século XX

Pablo Alves Por Pablo Alves
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Considerado o artista mais controverso e conhecido dos Estados Unidos, Andy Warhol, sem dúvida foi o artista mais transgressor e influenciador do século XX quando ousou trabalhar sua liberdade e criatividade artística com total abertura num tempo que a palavra liberdade não era muito tolerada nem no meio da arte, além de trazer um significado pejorativo aos modos do estilo. O garoto católico da cidade de Pittysburg, na Pensilvania, se transformaria na figura mais influente da arte e da cultura, fazendo uma revolução nos alicerces das artes plásticas como criador daquilo que seria batizado de “PopArt”, por uma repórter que insistia no assunto quando entrevistava ou estava junto de Andrew Warhola, nome de batismo do artista.

Toda essa ousadia agora o coloca como o artista do sec. XX com a obra de arte que tem a possibilidade de se tornar a mais valiosa em Nova York, sonho de Warhol que era considerado menor para a academia. A tradicionalíssima Casa de leilões Sotheby’s informou que o quadro foi avaliado em 200 milhões de dólares. A obra estará disponível para à venda a partir da próxima semana.

 

A pintura em questão “Retrado de Marilyn Monroe”, que pode virar a obra de arte celebridade do momento nasceu na década de 60, por ocasião de um fato trágico, a morte da musa e estrela hollywoodiana. Na ocasião Andy usou uma foto de publicidade feita para o filme “Niagara”, no Brasil conhecido como “Torrente de Paixões”. Para mostrar um pouco do artista transgressor que era quando ele preparou tela utilizando um processo fotográfico, depois, utilizou a serigrafia para aplicar tintas de cores distintas sobre a tela espalhando com um rodo de borracha.


Esse foi o retrato utilizado por Warhol para fazer a famosa série. (Foto: Reprodução/HamiltonSelway).


 

Num único momento Warhol unia pintura, fotografia e serigrafia para criar um novo tipo de produto artístico que misturava um pouco de arte, cultura e linha de produção num mesmo pacote. Alguns entusiastas de uma arte mais puritana e o stablishmente artístico não recepcionaram bem a iniciativa dele. Querendo ou não essa obra criada por Andy Warhol acabou imortalizando a imagem da atriz em seu retrato mais importante, a partir de então os dois foram unidos numa sumbiose artista e musa transformando-se num ser mitológico da cultura e da arte que reunia a santíssima trindade estrela, mito e lenda.

Segundo o próprio Andy Warhol as telas produzidas com as foto de Marilyn são amostras precoces da utilização da serigrafia no processo criativo, e o artista explica: “Em agosto de 62, comecei a fazer serigrafia. Eu queria algo mais forte que dava mais efeito de linha de montagem. Com a serigrafia, você escolhe uma fotografia, sopra-a, transfere-a com cola para a seda e, em seguida, passa a tinta sobre ela para que a tinta passe pela seda, mas não pela cola. Dessa forma, você obtém a mesma imagem, ligeiramente diferente a cada vez. Era tudo tão simples, rápido e arriscado. Fiquei emocionado com isso. Quando Marilyn Monroe morreu naquele mês, tive a ideia de fazer as telas de seu lindo rosto, as primeiros Marilyns…”, Andy Warhol.     

O “Retrato de Marilyn Monroe” criado por Andy, estimado em US$ 200 milhões, é o “Shot Sage Blue Marilyn”, de 1964. A obra icônica mede 1×1 faz parte de uma série que o artista começou a produzir a partir de 1962, após a morte de Marylin. Quando lançada a série não tinha esse nome, tendo sido rebatizada como “Shot” após um dos visitantes do “The Factory”, estúdio de criação, empresa, cinema e galeria de arte propriedade de Warhol, localizado em Manhattan, na cidade de Nova York entrar no prédio armado e pedir para fazer uns shots nas telas que estavam empilhadas, na época, Andy confundiu a palavra que também é usada para dizer que vai fotografar e deu sinal verde. A atiradora disparou contra os retratos, abrindo buracos nas telas que posteriormente foram restauradas.

Segundo o responsável pela arte dos séculos 20 e 21 da Galeria Christie’s, Alex Rotter, o Retrato de Marilyn, “ é a pintura mais importante do século 20 a ser leiloada em uma geração”. O trabalho do artista de Pittysburg mais caro vendido até hoje é “Silver Car Carsh” vendido pela bagatela de US$ 104,5 milhões no ano de 2013.

Nesse ranking de obras mais valiosas do século XX, em primeiro lugar está “As mulheres de Argel”, pintura de Pablo Picasso vendida por US$ 179,4 milhões em 2015. O Neo-Expressionismo, representado pelo artista de rua Jean Michael Basquiat e sua obra “Retrato do Artista como um Jovem Indigente“, criado em 1982, pode ser comprado por um valor aproximado de US$ 30 milhões na abertura da badalada temporada de leilões com início na próxima semana de maio.


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Expressionismo abstrato, Cubismo, Realismo Capitalista

“A cada duas décadas você tem um leilão cuja qualidade é tão alta que não costuma ser vista. Esta temporada se tornou um desses momentos únicos”, disse Rotter. Ano passado a Sotheby’s vendeu a parte 1 da coleção de arte que pertencia ao magnata do segmento imobiliário Harry Maclowe e sua esposa, Linda, antes do divorcio. O conjunto foi avaliado em US$ 600 milhões, sendo a mais cara a ir para um leilão. No dia 16 maio as últimas peças dessa espetacular acervo estarão disponíveis na casa de leilões em Nova York.

Outras obras iconoclastas vão marcar presença no leilão da Sothebie’s: “Seascape”, pintura de Gerhard Richter feita em 1975, com valor estimado de US$ 35 milhões, “Untitled”, de Mark Rothko, de 1960, além de trabalhos de Pablo Picasso, Philip Guston e Jean Michael Basquiat, que já é considerada coleção a mais valiosa da categoria realizada nos últimos 15 anos. A expectativa da casa é que “Femme nue couchée”, obra de Picasso, chegue ao preço de US$ 60 milhões. Outro mestre da pintura também gera grandes expectativas, Claude Monet e sua “vista de Veneza”, tem valor inicial de US$ 50 milhões.

Todas as obras de Monet juntas podem chegar a valer mais de US$ 100 milhões. O chefe de vendas de arte da Sotheby’s aguarda que novas marcas de valores sejam estabelecidas em todas as categorias. Para Brooke Lampley, “o mercado de arte é muito forte, é por isso que vemos esse número surpreendente de obras à venda nesta temporada”, afirmou ele para AFP. Em comentário para AFP, Joan Robledo-Palop, colecionador e presidente da galeria de arte contemporânea Zeit, de NY, disse, “As expectativas são sem precedentes”. A temporada de leilões promete ser animada e cheia de emoções. 

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