Como o conflito entre a Rússia e Ucrânia podem afetar a política econômica internacional

Jânio Barros Por Jânio Barros
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Acompanhado das recentes catástrofes, como a pandemia, graves problemas ambientais ou ainda um dos mais recentes casos de conflitos internacionais que ganhou destaque que foi o descaso com os povos afegãos, deixados à própria sorte pelas organizações internacionais e tropas estadunidenses. O conflito atual gera efeitos nocivos dentro da política econômica e seus mecanismos de atuação.

Durante o conflito do Afeganistão a princípio, nota-se uma atuação ineficaz por parte dos EUA na pacificação, e resolução desse conflito tão contraditório quanto teorias terraplanistas, onde inclusive todas as problemáticas relacionadas ao financiamento desses grupos radicais que, viriam a se tornar extremistas do jihadismo, foram frutos dos governo norte-americano. 

Um dos casos emblemático tratados recentemente em relação a esse conflito é referente ao Osama Bin Laden, onde nos documentos encontrados após sua morte no local onde ele estava. Foram descobertos, além de livros e informações cruciais sobre os ataques, documentos sobre os treinamentos de segurança em que Bin Laden participava e que eram feitos pela CIA.

Dessa forma, fica mais evidente que os objetivos dessas intervenções intergovernamentais, não estavam, necessariamente, em busca de resoluções pacificadoras ou mesmo atenuar conflitos. Na realidade existem mais interesses expansionistas e de controle do mercado, do que uma difusão planejada da democracia. E este conflito atual é parte disso também, onde os países Rússia e EUA buscam obter mais espaço geopolítico no continente Europeu.

Por isso a postura da Rússia, apesar de surpreender, em alguma medida já era esperada, pois ainda existem resquícios da disputa de poder ocorrida durante a Guerra Fria. E também, pelo fato de ainda vermos um aprofundamento das relações de mercado, onde ainda há um receio por parte da Rússia que os movimentos da direita ascendentes na Ucrânia ganhem cada vez mais força e influência e, nesse sentido, gere, na sua fronteira um aliado semelhante dos EUA, tal como foi Cuba a Russa durante a críse dos mísseis. Onde mísseis balísticos foram enviados para esta região, e foram instalados a uma distância de meros 150 km de mar atlântico dos EUA. 


Mapa do alcance potencial dos mísseis soviéticos instalados em Cuba- Foto: Reprodução/CIA/Elordenmundial


Logo, medidas para solucionar essas questões internacionais acabam sendo muito delicadas, pois envolve não apenas uma luta entre as regiões, mas também um interesse ideológico de expansão das suas intenções e interesses. Seja pelo capitalismo ou pelo comunismo. Pois, na medida que para os neoliberais a única maneira do capitalismo ter completa efetividade é partindo da atuação e envolvimento, de se possível, todos os atores internacionais atuarem em consônancia nas políticas com vista de enxugar o Estado. Para Rússia ao contrário, o foco é fortalecer, tornar o Estado mais atuante e necessário para o povo Russo. 

No entanto, o fato é, nem um e nem outro querem ser sobrepostos. Por isso incentivos a cooperação, de acordo com as necessidades das regiões precisam levar em conta o uso estratégico das várias, ao invés de uma, teorias econômicas e políticas disponíveis. Para que assim possibilitem uma relação mais harmoniosa  na sociedade e em suas políticas econômicas nessas e outras regiões.

Por isso que a crise gerada na economia internacional vem também desse conflito, pois como os investidores ficam apreensivos com os passos seguintes que serão adotados pelo governo norte-americano,  receiam se arriscar em movimentos ousados no mercado.  Além disso,  a dinâmica do preço dos barris russo também foram alteradas nesse processo e com isso, até o mercado brasileiro foi prejudicado, como consequência também das políticas adotadas recentemente de privatização da petrobás. Outra importante relação econômica é que, a Rússia alterando a balança de poder, descredibiliza o poder dos EUA e isso gera nos investidores uma desconfiança no dólar, que nessas últimas semanas já vinha sofrendo uma queda, e portanto, isso também foi um dos motivos da baixa nos preços das ações de alguns importantes seguimentos da industria norte-americana cair.

Portanto, as falas de Putin representam uma demarcação do espaço que historicamente está mais relacionado a Rússia e a sua cultura. Por isso, apesar do conflito atual possuir um viés geopolítico, ele ainda continua sendo entendido como uma questão regional e nesse sentido é aconselhado que suas ações, sejam por enquanto, apenas observadas de perto pelas organizações internacionais envolvidas e cujo o intuito é, de acordo com suas diretrizes, atuar apenas em extrema necessidade e de forma menos invasiva possível. Mas sabemos que algo assim entre essas duas potências não ocorreria assim. Por isso é necessário a busca de uma relação para amenizar e não instaurar o conflito entre as nações o quanto antes e diminuindo para que a Ucrânia não seja afetada.

Outro problema é o envolvimento da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que foi uma organização criada para fazer frente ao Pacto de Varsóvia (Aliança Militar dos países do Leste Europeu), e evitar a dominância nas regiões europeias pelo comunismo. Além disso, serviu também para que os ideais de mercado pudessem ser propagados na Europa e assim garantir a ascensão Estadunidense. 


Presidente Volodymyr Zelensky assistindo a exercícios militares na região oeste da Ucrânia. (Foto: Handout/UkarinianDefenceMinistryPress-service/AFP/R7notícias)


Logo, Putin na sua última fala, disse à respeito de consequências severas para aqueles que interferirem nas medidas adotadas pela Rússia. Assim sendo, tal processo pode ser associado as discussões das relações internacionais, conhecido como equilíbrio de poder, onde a busca das entidades tende a atuar no sentido da autopreservação, pois o sistema mundial é anárquico. Logo, o sistema internacional tenderia às disputas de poder até que essas forças fossem equilibradas por pólos distintos, porém que existem simultâneos e por isso, são mantidos em equilibrio de poder. 

Entretanto, apesar das ações da Rússia se fazerem, em alguma medida, erradas, não provocam a necessidade dessa intervenção, pois a título de comparação, em situações onde as condições foram consideradas até mais agravantes, como durante: o conflito de Ruanda, ditaduras na América Latina  ou as recentes contradições devido a criação de um Estado Islâmico Jihadista, gerado a partir das consequências também, de uma disputa ideológica. E portanto, ainda assim,  não foi gerada essa necessidade, nem para EUA ou mesmo para a OTAN invertefirem de forma precipitada. Pois assumir uma posição mais radical agora, partindo do mais estreito e articulado bom senso sobre o assunto, é nos conduzir a eventos extremamente desastrosos.

Portanto, o sentido desse processo é em parte uma tentativa de alguns canais de informações justificarem ações por parte do governo EUA, caso este resolva agir. Mas que devem ser mal vistas, pois não fazer vista grossa às consequências reais disso, que querem através do alarde dessa questão, a geração de uma ofensiva internacional direta para impedir esse conflito. Mas que pode ser muito arriscada se não tomado todos os cuidados possíveis e ainda assim com o risco de não ser suficiente.

Pois ao reviver esse passado de polarização criam um sistema totalmente volátil e instável, perfeito para políticas autoritárias e desumanas se instalarem.  Por isso essa impressão pode ser errada e perigosa para o desfecho dessa situação, pois dão continuidade aos processos de intesificação deste. Nesse sentido, seguir esse caminho  pode levar ao pior desfecho possível e por isso, deve-se levar em consideração todas as consequência disso antes. Pois, diferente da segunda guerra, em que o conflito foi localizado entre as fronteiras europeias e no máximo extrapolou para alguns outros conflitos internacionais fora dali. Um conflito internacional na atualidade envolveria praticamente o mundo inteiro e seria tão desastroso quanto todos os outros conflitos reunidos. 

 

Bandeiras Rússia e Ucrânia com gravuras de soldados equipados.  Foto de Destaque: Reprodução/A12 

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