Detentores de títulos da dívida das Lojas Americanas começaram a se planejar e se organizar para ganharem mais força nas negociações em relação ao processo de recuperação judicial da empresa. A corretora Seaport Global Securities, por meio de seu braço especializado em reestruturação Pericles, é responsável pela assessoria ao grupo. A empresa se uniu ao escritório brasileiro Felsberg Advogados e tenta propor a essa classe de credores uma proposta de estratégia de ataque no processo.
Desde o escândalo, já foram realizadas quatro reuniões – a última aconteceu na sexta-feira (27). No respectivo pedido de recuperação judicial, a Americanas alegou obter cerca de R$ 41,2 bilhões em dívidas, sendo que mais de 10% está na mão dos “bondholders”.
Americanas se planeja para iniciar negociações judiciais. (Foto: Reprodução/Eduardo P/Wikimedia Commons)
Os chamados “bondholders” – ou detentores de títulos – são, basicamente, investidores de três emissões feitas pela Americanas fora do país, e somam, ao todo, cerca de U$$ 1,1 bilhão. Além dos “bondholders”, as reuniões também atingiram os debenturistas, com o intuito do grupo ganhar uma maior musculatura.
A expectativa é que as chances de sucesso na negociação aumentem se o grupo se organizar o mais cedo possível. “O que estamos dizendo é que, se houver um alinhamento entre boldholders e debenturistas, o grupo poderá ter poder de voto. E, quanto antes se puder sentar com a companhia, melhor será. O risco é de se deixar para depois e encontrar uma solução em detrimento de quem não está na mesa”, afirma Thomas Felsberg, que tem participado dos encontros.
Thomas, que é advogado especializado em falências e recuperações judiciais, afirma as perdas podem se reduzir, mas a busca por soluções devem ser enfrentadas. “As notícias têm se concentrado nas brigas. Eu não discordo, tem que apurar e chamar a responsabilidade, mas tem uma medida tão importante que é buscar uma solução rápida, saber o que a empresa precisa para poder se recuperar”, diz.
Ainda, de acordo com o advogado, as chances de entrada de capital via “DIP Financing” podem se tornar reais, desde que o plano estratégico da empresa em relação à recuperação judicial for bem estruturada. O modelo é baseado na lei falimentar dos Estados Unidos e prevê uma injeção de recursos para a companhia conseguir financiar suas despesas. Se isso se concretizar, os financiadores deveram ser prioridade na hora de receber o dinheiro, além de ficarem de fora do concurso de credores.
Foto destaque: Detentores de dívida da Americanas se organizam para iniciar negociações. Reprodução/Simplus Menegati/Wikimedia Commons