A brasileira Future Carbon acaba de assinar um contrato inédito no país com a canadense Carbon Streaming Corporation. A operação, feita por meio do braço internacional da empresa, cede à CSC os direitos sobre 5% da receita gerada pelo “fluxo futuro” de créditos de carbono da Future. Em contrapartida, a canadense vai desembolsar US$ 3 milhões (pouco mais de R$ 15 milhões) para o desenvolvimento e a manutenção de quatro projetos de REDD+ nos estados do Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia, além de financiar o crescimento da Future Carbon International no mercado global.
Todos os projetos envolvidos na transação são ou estão em processo de certificação pela VERRA, empresa que criou os Verified Carbon Standards (VCS) — padrões que são tidos como referência — e também por um padrão adicional de co-benefícios sociais e de biodiversidade, além dos ambientais.
De acordo com a Future Carbon, o que torna a transação pioneira é o fato de não se tratar de uma operação de dívida ou de venda de ações. “Não estamos diluindo o capital da empresa ou negociando compra de terras. Isto representa uma pequena porcentagem da nossa receita de créditos de carbono, o que significa que ainda temos muito capital para alavancar e escalar projetos ao utilizar esse tipo de arquitetura financeira”, afirmou co-CEO da Future Carbon.
Fabio Galindo, CEO Future Carbon. (Foto: Divulgação)
O modelo de negócio da Carbon Streaming foca em adquirir, gerir e acelerar o crescimento de projetos e empresas desenvolvedoras de créditos de carbono de alta integridade.
A empresa investe capital da compra antecipada de fluxos de créditos de carbono que serão gerados ao longo do tempo, em uma estrutura conhecida como streaming. A Future Carbon afirma que o modelo é vantajoso porque permite que os desenvolvedores alavanquem seus projetos sem precisar abrir mão de equity da empresa ou assumir uma dívida.
“A parceria com a CSC nos dá ainda mais fôlego para escalar um modelo que incentive a manutenção da Amazônia em pé, por meio da venda créditos de carbono gerados em áreas de alta pressão de desmatamento. Estamos contribuindo de forma real para mudar a lógica do desmatamento, partindo da principal solução que o mercado vê hoje para a conservação da Amazônia, que é mediante a monetização da floresta em pé.“
Para o fundador e CEO da Carbon Streaming, Justin Cochrane, a concessão desse tipo de “financiamento climático” para prevenir o desmatamento na Amazônia nunca foi tão importante e contribui tanto para o avanço do desenvolvimento de projetos críticos para o Brasil, quanto na prospecção de mais oportunidades de financiamento de projetos de carbono em todo o mundo.
Foto Destaque: Amazônia. Reprodução/Divulgação