Fintechs são alvo de pressão no Brasil por mais rentabilidade

Gustavo Sebastião da Silva Correia Por Gustavo Sebastião da Silva Correia
5 min de leitura

A popularidade dos bancos digitais está perto de passar por uma prova de fogo, após anos de destaque. Com a expansão da base de clientes e investidores perdendo força, os bancos estão sendo pressionados por conta da rentabilidade, ou seja, o valor que você tem de retorno sobre o que guardou na conta. 

Conforme aponta o Bank of America, os downloads de aplicativos de banco e carteiras digitais tiveram uma queda em setembro pela primeira vez desde 2015. 7 dos 10 maiores bancos viram a sua base de clientes ativos cair se comparado ao mês de agosto. 

Em um horizonte onde não há uma espera por novos clientes, e buscando o crescimento, as chamadas fintechs tem se movimentado para manter os que já estão na sua base. Com isso, estão apostando no engajamento e na rentabilidade. Para especialistas, essa estratégia pode reduzir o número de concorrentes. 


Os bancos digitais são populares devido a praticidade em seu uso, não sendo necessário o deslocamento à agência. (Foto: Reprodução/forbes.com.br)


Em 2013, ano que surge o Nubank, o país já tinha contabilizado mais de 700 plataformas digitais que ofereciam serviços financeiros como pagamentos, seguros, empréstimos, gestão de caixa, investimentos, câmbio e previdência privada, entre outros.

Clientes insatisfeitos com os bancos tradicionais e também os desbancarizados (sem vínculo a nenhuma instituição financeira) somados à inovação tecnológica e regulatória que conta com um volume expressivo de investimentos, foram a motivação para que as fintechs captalizassem essas pessoas.

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O Picpay, a maior carteira digital do país, superou a marca de 55 milhões de usuários em setembro, quase o dobro do que tinha conseguido um ano antes. Já o Nubank, alcançou 40 milhões de clientes no mês de maio.

O que impulsionou esse crescimento foi a pandemia da Covid-19. Em 2020, quando grandes nomes da indústria financeira já apontavam para uma queda das fintechs, o contrário aconteceu por conta do isolamento social forçado pela pandemia. O Caixa Tem, da Caixa Econômica Federal, criado para que os valores do auxílio emergencial fossem depositados, conseguiu mais de 100 milhões de cadastros.

Outro fator importante foi a implantação do PIX (Sistema instantâneo de transações financeiras) e o do Open Banking. Diante disso, o investimento em fintechs bateu recorde no Brasil.

Especialistas em capital de risco avaliam que fatores que motivaram essa guinada podem estar prestes a sair de cena. Podem ser destacadas a perda intensa de crescimento da base de clientes e também o fim do dinheiro barato, impulsionado por um ciclo de alta de juros nos Estados Unidos e na Europa.

Para as fintechs listadas com maiores informações referentes aos dados públicos mostram uma percepção sobre os sinais de mudança. Dos oito bancos digitais no país que divulgaram seus balancetes, seis obtiveram lucro, conforme aponta os dados do portal Fintechs Brasil. No total, a rentabilidade foi inferior aos grandes bancos, porém o resultado é satisfatório se comparado ao ano anterior. 

Ainda há espaços consideráveis a serem explorados pela cadeia de negócios financeiros digitais no país, o que deve servir de motivação para a aparição de novos aportes, contudo, investimentos que dependam de maior escala vão começar a passar por uma seleção.

Ter capacidade de escala e engajamento é uma opção poderosa para os bancos digitais, uma vez que tem surgido as “fintechs embarcadas”, que são extensões financeiras digitais de varejistas ou grandes bancos comerciais, sendo a  metade das 20 maiores no país. Em contrapartida, existe a concorrência de grupos mundiais em alguns serviços, como o WhatsApp, do Facebook; e o Paypal.

Um sinal de consolidação é o crescimento da velocidade das fusões no setor, observada pelas uniões Picpay-Guiabolso, Geru-Rebel, além de aproximações entre Stone e Banco Inter e de Creditas com Nubank.

Túlio Oliveira, vice-presidente do Mercado Pago, braço de finanças do Mercado Livre, faz apontamentos importantes quanto ao crescimento dos bancos digitais: “Ninguém imagina que teremos 700 fintechs no Brasil daqui a alguns anos”. “É possível que restem seis ou sete grandes.”. Complementa.

Foto destaque: Reprodução/www.fdr.com.br

 

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