Prejuízo das Americanas pode levar ao mesmo desfecho de outras varejistas

Tiago Silva Por Tiago Silva
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As Lojas Americanas tiveram um início de ano desastroso com a descoberta de inconsistências contábeis de cerca de R$ 20 bilhões, o que chega ao dobro do seu valor de mercado – R$ 11 bilhões, na última quarta-feira (11). Isso não somente prejudicou a varejista, impactando os acionistas na Bolsa de Valores.

Na B3, houve queda de 70% das ações da varejista (AMER3), o que levou a um alto volume de vendas delas e causou a interrupção das negociações por diversas vezes.


Fachada de uma unidade das Lojas Americanas (AMER3). Reprodução: SUNO


Caso Americanas lembra outras varejistas famosas

O caso das Americanas, apesar de ter proporções maiores do que qualquer outra empresa varejista que entrou em crise por conta de prejuízos ou fraudes, lembra uma situação nacional bastante conhecida: o declínio e a falência do Mappin, famosa varejista dos anos 1980 e 1990.

A varejista fundada pelo grupo Mappin & Webb anunciou seu maior prejuízo em 1995, quando chegaram a R$ 20 milhões. A partir desse ano, as chances de recuperação se tornaram cada vez menores – mesmo com a compra da rede por Ricardo Mansur, no ano seguinte – até decretar sua falência, em 1999.


Prédio do Mappin no centro de São Paulo, em 1981. Reprodução: IRMO CELSO/VEJA SP


Este é o fim absoluto das Americanas?

Ainda não é possível determinar se o futuro da Americanas será o mesmo do Mappin, pois é preciso que a equipe financeira confirme se este é ou não o valor exato do prejuízo da empresa, além de determinar se foi um caso de fraude contábil.

A confiança de acionistas em empresas de varejo não é das melhores. Em entrevista para o site Money Times, o investidor Luiz Barsi, o maior em termos individuais no Brasil, afirmou com base no histórico de empresas do ramo que, em algum momento, chegam à falência com facilidade:

“Pelo menos 40 empresas de varejo quebraram e as próximas quebrarão. Magazine Luiza um dia vai quebrar. Não sei quando, mas vai. Eu não sou profeta, estou falando em termos de histórico. A Máquina de Vendas e Via também estão penduradas”. – citou o acionista.

Ainda segundo Barsi, a quebra das Americanas “É uma questão de tempo”.

Breve histórico da empresa

As Americanas foram fundadas em 1929, em Niterói, no Rio de Janeiro, pelo austríaco Max Landesmann e por quatro estadunidenses: John Lee, James Marshall, Batson Borger e Glen Matson.

Atualmente, a varejista atua com a Americanas Express, Americanas.com, Submarino.com, Shoptime e Ame Digital.

Atualmente, é controlada pelo trio de empresários Carlos Alberto Sicupira, Marcel Herrmann Telles e Jorge Paulo Lemann. O último é acionista da varejista há 40 anos e perdeu cerca de R$ 2 bilhões com a queda das ações após a descoberta do prejuízo bilionário.

 

Foto Destaque: cliente simulando compra nas Americanas por um caixa dinâmico de compras. Reprodução: Gustavo Lacerda/Valor Econômico

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