De acordo com dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2019, nosso país tem mais mulheres do que homens — o levantamento apontou que 51,8% da população é feminina e 48,2% masculina.
Se somarmos a essa constatação a quantidade empreendedoras no Brasil, a importância de uma oferta de serviços financeiros para mulheres de maneira personalizada se torna ainda mais evidente.
A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) apontou que nosso país tem, aproximadamente, 30 milhões de mulheres empreendedoras, o que representa 48,7% de todo o mercado empreendedor nacional.
Ou seja, é possível afirmar que público para uma oferta de serviços financeiros exclusivos para mulheres não falta. Mas estariam bancos, fintechs e demais instituições do segmento atendendo a esse chamado?
Sobre isso, Mara Luquet conversou com Lorena Silva, fundadora e CEO do TPM Bank e com Mellissa Penteado, CEO e fundadora do proScore Tecnologia e do Bancoin, no primeiro episódio da série especial do Papo na Nuvem para o mês das mulheres.
Entrevista completa da Lorena Silva, CEO e founder (Foto: Reprodução/Youtube)
Por que oferecer serviços financeiros para mulheres em um modelo exclusivo
Muitos ainda questionam qual a necessidade oferecer serviços financeiros para mulheres, em um modelo de negócios realmente direcionado, quando, hoje em dia, o acesso a esse mercado está bem mais facilitado.
Podemos respaldar esse tipo de oferta com a história da própria Lorena Silva fundadora e CEO do TPM Bank, Tô Poderosa Mesmo, o primeiro banco feminino exclusivo do mundo.
“Eu tentei, em 2019, abrir uma conta jurídica e tive o meu pedido negado. Sabe aquela famosa proposta que para ter a conta você tem que ter a maquininha?
Naquele momento eu não tinha nada que pudesse vender ou receber para passar uma máquina de cartão. Me vi totalmente desesperada!
Em uma ligação com um amigo, até brinquei com ele e disse: ‘Olha, eu estou precisando receber um dinheiro, mas não estou conseguindo abrir uma conta jurídica. Como faz para abrir uma conta PJ, como faz para abrir um banco?’. Foi daí que surgiu a ideia do TPM Bank.
Falando assim parece fácil, mas não é. É o banco de uma garota que nunca fez parte do mercado financeiro e que precisou aprender bastante.
Não precisamos saber tudo, mas precisamos estar com quem sabe, para criarmos um produto muito bom para quem realmente precisa”
Mas muitas outras “Lorenas” passam por situações semelhantes todos os dias e não têm a oportunidade de transformar isso em um negócio, ao contrário, apenas se veem diante de diversos problemas.
Lorena destaca que muitas mulheres, por exemplo, querem investir seu dinheiro, mas não sabem como ou não têm acesso a uma plataforma que ofereça um serviço direcionado para ela.
“Não adianta falarmos de investimento se a mulher não sabe investir. Por isso, precisamos usar uma linguagem que a dona de casa, a empreendedora, a estudante, todas as mulheres entendam que isso é importante para elas e para o seu futuro”, reforça a CEO do TPM Bank.
O futuro dos serviços financeiros para mulheres
O momento para a oferta de serviços financeiros para mulheres não poderia ser mais adequado.
Lorena lembra que a chegada do Open Banking abre uma excelente oportunidade de conhecer melhor esse público e entregar soluções que realmente atendam às suas necessidades.
E quando falamos no público feminino, é preciso destacar que, nos dias de hoje, isso engloba as que são arrimo de família, as que estão em busca da sua independência financeira (muitas vezes para saírem de situações de assédio e de restrições), as empreendedoras, entre muitos outros perfis.
Foto destaque: Reprodução/Divulgação