Diretor do Banco Central da Colômbia critica possível alta da Selic no Brasil

Beatriz Wicher Por Beatriz Wicher
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Foto Destaque: Gustavo Petro defendendo cortes nas taxas básicas para liberar recursos do Tesouro (Reprodução/Freepik)

O cenário de política monetária no Brasil tem gerado preocupação internacional, com críticas vindas de autoridades estrangeiras sobre a possibilidade de aumento na taxa Selic logo após um ciclo de cortes. Mauricio Villamizar, diretor do Banco Central da Colômbia, afirmou que o Brasil se tornou “um exemplo a não seguir” em termos de política econômica. Durante um evento recente, Villamizar destacou que a reversão nas taxas de juros não é uma estratégia saudável, defendendo que o aumento das taxas após reduções recentes pode prejudicar a estabilidade econômica.

Com um PhD em economia pela Universidade Georgetown, ele argumenta que mudanças abruptas na política monetária podem criar incertezas e dificuldades para manter o crescimento econômico sustentável. Ainda criticou a possível guinada na política monetária brasileira, destacando que a expectativa de um novo aumento nas taxas, após interrupções nos cortes de juros, como ocorreu também no Peru e no México, não deve ser considerada uma medida prudente.


Villamizar disse que mudanças abruptas nas políticas monetárias não são saudáveis para a economia (Foto: reprodução/Getty Images Embed/
Eleganza)


Política monetária e sustentabilidade econômica

Villamizar enfatizou a importância de adotar estratégias monetárias que promovam o crescimento sustentável a longo prazo. Ele sugere que o foco principal das autoridades monetárias deve ser a criação de condições que permitam o crescimento econômico mais estável e prolongado. Para ele, o aumento das taxas de juros logo após um ciclo de cortes não apenas impede esse crescimento, mas também gera retrocessos que poderiam ser evitados com uma política mais consistente.

A situação no Brasil serve de alerta para outros países da região. O diretor do BC colombiano, pressionado internamente pelo presidente Gustavo Petro para acelerar cortes nas taxas de juros, vê o Brasil como um exemplo do que não fazer. Petro, que recentemente defendeu a redução da taxa básica na Colômbia para liberar recursos para o orçamento do governo, citou a postura do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que indicou uma possível mudança na política de juros nos Estados Unidos, provavelmente em setembro.

Contexto Regional e a influência internacional

As declarações de Villamizar reforçam o debate sobre a condução da política monetária na América Latina, onde os desafios econômicos variam entre países, mas os efeitos das decisões de grandes economias, como o Brasil, são amplamente sentidos. A Colômbia, que também enfrenta pressões inflacionárias, está observando de perto as decisões de seus vizinhos e as repercussões que elas podem ter em seu próprio cenário econômico.

A crítica ao Brasil, no entanto, também destaca a necessidade de maior coordenação e comunicação entre os bancos centrais da região, buscando políticas que não apenas combatam a inflação, mas que também promovam o crescimento econômico de forma sustentável e coerente. O discurso dele, portanto, não é apenas uma crítica isolada, mas parte de um diálogo mais amplo sobre as melhores práticas de política econômica na América Latina.

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