Mercados em alerta: bolhas de ativos e otimismo da IA desafiam sinais tradicionais da economia global

Mesmo com a curva de rendimento invertida que costuma antecipar recessões, a economia dos EUA segue aquecida, em parte devido aos investimentos

13 nov, 2025
Um gráfico do S&P 500 no pregão da Bolsa de Valores de Nova York | Reprodução/Michael Nagle/Bloomberg via Getty Images Embed
Um gráfico do S&P 500 no pregão da Bolsa de Valores de Nova York | Reprodução/Michael Nagle/Bloomberg via Getty Images Embed

Desde a disparada das ações impulsionadas pela inteligência artificial até o ouro atingindo recordes históricos, praticamente todas as classes de ativos parecem estar em transformação. O cenário atual desperta uma dúvida antiga em Wall Street: estaríamos diante de um novo ciclo de prosperidade ou à beira de uma bolha prestes a estourar

IA ajuda a Impulsionar a ações

O índice S&P 500 chegou aos 6.700 pontos, quase o dobro do registrado há cinco anos. A explicação está, em grande parte, nos chamados “sete gigantes da tecnologia” empresas que concentram cerca de 40% do índice e que investem trilhões de dólares em inteligência artificial (IA), tecnologia vista como a principal força motriz dessa valorização.


Um gráfico do S&P 500 (Foto: Reprodução/Michael Nagle/Bloomberg via Getty Images Embed)


Mas o fenômeno não se restringe às ações. O ouro opera próximo de suas máximas históricas, o café também registra valorização, e o bitcoin considerado o ativo de risco por excelência — já acumula alta superior a 130% desde que passou a integrar fundos negociados em bolsa (ETFs) no início de 2024.

No setor imobiliário, os preços residenciais seguem em ascensão, tornando-se cada vez mais inacessíveis para compradores comuns. Até mesmo os títulos de alto risco estão sendo negociados como se não existisse possibilidade de colapso. Esse comportamento generalizado de euforia reacende comparações com ciclos anteriores de bolhas financeiras.

O economista John Kenneth Galbraith já alertava

O economista John Kenneth Galbraith já alertava que as bolhas seguem um roteiro previsível: uma nova ideia encanta o mercado, o crédito se expande, os preços disparam e a confiança cresce até que a realidade se impõe. Para ele, o combustível essencial dessas euforias não é o crédito em si, mas a “esperança ilimitada e a memória curta” que fazem cada geração acreditar que “desta vez é diferente”.

Apesar dos sinais de alerta, muitos investidores ainda mantêm o otimismo. A curva de rendimento, que ficou invertida entre junho de 2022 e agosto de 2024,  um indicador tradicional de recessões, não se confirmou como prenúncio de crise. Segundo o Deutsche Bank, se não fosse pelos investimentos maciços em infraestrutura de IA, os Estados Unidos já estariam em recessão.

Essa coexistência de sinais contraditórios ajuda a explicar por que o ouro, símbolo de segurança, e as ações, termômetro de otimismo, sobem ao mesmo tempo. Enquanto alguns veem um mercado equilibrado e resiliente, outros enxergam investidores se protegendo de uma possível correção.

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