A quarta-feira (30) que antecedeu o feriado teve um impacto significativo nos mercados financeiros, com dados econômicos fracos tanto no Brasil quanto em outras economias globais. O dólar, que havia se mantido em queda por oito sessões consecutivas, voltou a subir, enquanto o Ibovespa recuou após oito dias de alta.
A desaceleração do PIB dos Estados Unidos foi um dos fatores que pesaram sobre o mercado, além da disputa em torno da Ptax, referência para a liquidação de contratos futuros.
Ptax e oscilação do dólar
A Ptax, calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, é usada para a liquidação de contratos futuros e, no fim de cada mês, torna-se alvo de especulação por parte dos agentes financeiros.
No início da sessão, o dólar chegou a cair, com investidores vendidos tentando direcionar as cotações para a Ptax. Às 9h21, a moeda registrou uma mínima de R$ 5,6037 (-0,48%), mas rapidamente se reverteu para o território positivo.
Os mercados reagiram negativamente a dados econômicos fracos vindos da China e dos Estados Unidos. Na madrugada de quarta-feira, a China divulgou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) caiu para 49 em abril, o menor nível desde dezembro de 2023, ficando abaixo da expectativa de 49,8. O PMI abaixo de 50 indica contração na atividade econômica do país.
Nos Estados Unidos, o mercado de trabalho também mostrou sinais de desaceleração. O setor privado criou apenas 62 mil postos de trabalho em abril, muito abaixo da expectativa de 115 mil vagas. Além disso, o PIB americano contraiu 0,3% nos três primeiros meses do ano, contrariando a previsão de crescimento de 0,3%.


O presidente Donald Trump tentou minimizar os efeitos negativos, sugerindo que o baixo desempenho econômico era uma consequência das políticas de seu sucessor, Joe Biden, e pediu paciência à população americana. Trump também apontou as altas importações, com empresas tentando evitar os custos adicionais decorrentes das tarifas impostas pela administração.
No Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou a criação de 71.576 vagas formais de trabalho em março, um número bem abaixo das expectativas do mercado, que previa a geração de 200 mil vagas. O ministro Luiz Marinho já havia antecipado que os números seriam fracos.
Além disso, o mercado financeiro reagiu aos resultados corporativos de empresas como Marcopolo, ISA Energia, Iguatemi, Santander Brasil e WEG. A WEG foi destaque negativo, com ações despencando 11,55% após anunciar lucro líquido de R$ 1,54 bilhão, abaixo das expectativas do mercado.


O setor de mineração também sofreu com a queda dos preços do minério de ferro. As ações da Vale recuaram 1,82%, influenciadas pela queda de 0,78% nos futuros do minério de ferro na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China.
As ações da Petrobras também apresentaram queda. As preferenciais (PETROBRAS PN) caíram 1,87%, e as ordinárias (PETROBRAS ON) perderam 1,54%, em linha com a nova desvalorização do petróleo no mercado internacional. O barril de Brent fechou a sessão com queda de 1,76%.
Setor bancário e expectativas para o ibovespa
No setor bancário, o Santander Brasil foi um dos destaques positivos, com alta de 3,94%, após o lucro líquido do primeiro trimestre ter superado as expectativas.
O banco também anunciou planos para lançar o “Pix automático” ainda em 2025, o que gerou expectativas positivas. Em contraste, os papéis de outros grandes bancos como Itaú Unibanco (ITAÚ UNIBANCO PN), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC3) apresentaram avanços.
Além disso, a terceira e última prévia da carteira do Ibovespa confirmou a inclusão das ações da Smartfit e Direcional, enquanto as ações da LWSA e Automob foram excluídas.