A imagem pública de Elon Musk e sua atuação polêmica em múltiplas frentes têm causado desconforto entre investidores da Tesla. Diversos acionistas, entre eles sindicatos que gerenciam fundos de pensão bilionários, exigem do conselho da montadora de veículos elétricos uma postura mais firme diante do comportamento do CEO, considerado prejudicial à reputação e ao desempenho da empresa. O grupo quer que Musk se dedique integralmente à Tesla ou dê lugar a outro líder.
Conselho sob pressão
Grandes investidores da Tesla, como sindicatos, têm pressionado por mais responsabilidade do conselho de administração. A Federação Americana de Professores (AFT), que representa quase 2 milhões de profissionais da educação, lidera esse movimento. Seus fundos de aposentadoria somam US$ 4 trilhões (R$ 22,32 trilhões), com US$ 8,8 bilhões (R$ 49,1 bilhões) investidos em ações da Tesla.
A presidente da AFT, Randi Weingarten, criticou duramente o conselho da Tesla e Elon Musk em entrevista à Forbes. Segundo ela, a população “não gosta do Elon Musk” e a diretoria precisa assumir sua responsabilidade. “Não queremos que a Tesla fracasse, porque se isso acontecer, muitos aposentados vão perder muito dinheiro (…). Se é para manter o Musk no cargo, garantam que ele esteja lá. Ou escolham outro CEO”, declarou.
Antes do rompimento, Trump discursa ao lado de Elon Musk em frente a um carro da Tesla (Foto: reprodução/Andrew Harnik/Getty Images Embed)
Preocupações semelhantes motivaram nove tesoureiros e controladores estaduais a enviarem uma carta à presidente do conselho da Tesla, Robyn Denholm. Segundo o tesoureiro de Illinois, Michael Frerichs, nenhuma outra empresa listada permitiria tamanha negligência do CEO sem consequências.
O maior fundo de aposentadoria dos EUA, o CalPERS, que representa servidores públicos da Califórnia, adotou uma postura neutra publicamente, dizendo que seus investimentos seguem critérios técnicos. No entanto, vendeu 4,5 milhões de ações da Tesla no terceiro trimestre de 2024.
Tesla anuncia robotáxi, veículo elétrico autônomo para transporte sem motorista (Foto: reprodução/Instagram/@teslamotors)
Imagem abalada e perdas financeiras
Elon Musk lidera várias empresas, Tesla, SpaceX, X (antigo Twitter), Neuralink e xAI, o que gera dúvidas sobre sua dedicação à Tesla. A situação piorou quando ele assumiu um cargo no governo Trump focado em reduzir gastos, provocando queda de ações, protestos e até vandalismo contra a montadora.
Uma pesquisa realizada pela consultoria GBAO com 2 mil americanos ilustra esse desgaste: 55% dos entrevistados têm uma imagem negativa de Musk. A Tesla também foi citada como a marca menos apreciada entre os interessados em carros elétricos. Além disso, mais de 50% dos consumidores disseram que teriam uma visão mais favorável da empresa se Musk deixasse o cargo de CEO.
Apesar de uma recuperação nas ações da Tesla, que subiram mais de 50% impulsionadas pela expectativa do lançamento de robotáxis e pelo afastamento político de Musk do governo Trump, o sentimento de insatisfação permanece. Grandes fundos, como o CalPERS, já reduziram suas posições na Tesla e outros, como o do estado de Maryland, seguem atentos ao cenário.
Até o momento, o conselho da Tesla não respondeu às cobranças. Weingarten, Frerichs e Lierman confirmaram que suas cartas não receberam qualquer retorno. A presidente da AFT afirmou que a entidade estuda a possibilidade de entrar com uma ação judicial contra o conselho, caso continue a omissão. “Musk causou um enorme prejuízo à marca da Tesla. Se o conselho não fizer seu trabalho, vamos forçá-lo a cumprir seu dever”, declarou Weingarten.