No ano de 1824, William Buckland, o primeiro professor de geologia da Universidade de Oxford, nomeou o “Megalossauro”, cuja tradução significa literalmente “grande lagarto”. Foi a primeira reconstrução de um dinossauro a partir de fósseis, utilizando ossos que haviam sido suficientemente preservados.
Não se tratou da primeira reconstrução utilizando os ossos descobertos nas pedreiras de ardósia em Oxfordshire, na Inglaterra – que haviam já sido desenterrados desde o final do século XVII – mas foi a primeira reconstrução que acertou a organização e origem dos ossos. Tentativas anteriores de paleontologia utilizavam hipóteses de elefantes de guerra romanos, ou até humanos gigantes.
Na época, as teorias da seleção natural, evolução, e extinção, ainda não haviam sido compreendidos, uma vez que o livro fundamental sobre esses conceitos, “A Origem das Espécies” de Charles Darwin, foi apenas publicado décadas depois, em 1859. Por isso, ainda existia uma grande resistência à especulação sobre formas de vida exóticas: um cenário no qual a descoberta de Buckland foi unicamente pioneira.
William Buckland lecionando na Universidade de Oxford em 1824. (Foto: reprodução/Metropolitan Museum of Art/CNN)
William Buckland
O professor William Buckland apresentou a criatura em um artigo científico à recém-formada Sociedade Geológica de Londres no dia 20 de fevereiro de 1824. Utilizando análises de ossos (o maior, da coxa, tendo cerca de 60 centímetros de comprimento), vértebras, e dentes, ele propôs que se tratava de um carnívoro com mais de 12 metros de comprimento e “o volume de um elefante“.
“De certa forma, ele acertou bastante. Este era um grupo de criaturas reptilianas gigantes extintas,” disse Steve Brusatte, paleontólogo da Universidade de Edimburgo. “Imagine um mundo onde a palavra dinossauro não exista, onde o conceito de dinossauro não exista, e vocês foram as primeiras pessoas a perceber isso simplesmente olhando para alguns ossos grandes da terra.”
200 Anos de Dinossauros
A palavra “dinossauro” de fato foi apenas cunhada pelo anatomista Richard Owen quase 20 anos depois da descoberta do Megalossauro. Em vários pontos, a desoberta de Buckland foi assim: só visível em sua importância em retrospectiva, após muito tempo passar de sua iniciativa vanguardista.
Susan Newell, pesquisadora do Museu de História Natural da Universidade de Oxford, afirmou de forma simples: “Ele começou a montar o quebra-cabeça.”
Com o aniversário de 200 anos, hoje é possível ver que muitas outras descobertas foram resultado dessa primeira exploração jurássica. Atualmente, aproximadamente 50 novas espécies são descobertas todos os anos, e já foi estimado que os dinossauros sobreviveram por cerca de 165 milhões de anos, enquanto a própria humanidade só existe a cerca de 300 mil.
Foto Destaque: Osso fossilizado do Megalossauro (Reprodução/Museu de História Natural /Alamy Stock Photo/CNN)
