Das espécies encontradas, uma corre risco de extinção. A mãe do ex-ministro também está envolvida e pode ter sido usada como laranja.
No dia 24/02, alguns agentes do Ibama e do Ibram (Instituto Brasília Ambiental) visitaram a casa do ex-ministro Anderson Torres, onde encontraram 60 aves silvestres. Anderson está preso desde 14 de janeiro na sede da Polícia Federal, em Brasília, suspeito de omissão e convivência com os atos terroristas de 8 de janeiro.
As aves pertencem ao Criadouro de Bicudos Flautas do Brasil Ltda., fundada em 2006 pelo servidor público José Luiz de Amorim Carrão. Amélia Gomes da Silva Torres, mãe do ex-ministro, associou-se a ele em janeiro de 2021.
Carrão, fundador do criadouro, saiu da sociedade com Torres após a empresa ter sido registrada no endereço do ministro, no condomínio Ville Montagne, no Jardim Botânico. Nessa mesma época, a atividade da empresa foi alterada de “criação de pássaros” para “comércio varejista de animais vivos e artigos e alimentos para animais de estimação”.
Diversas espécies foram encontradas na casa de Torres, entre elas há Curiós, um casal de Tiê-sangue, um azulão e um Bicudo, este último em risco de extinção e um dos principais alvos do tráfico de animais no Brasil. É a ave canora mais procurada por seu valor comercial.
Bicudo-preto (Oryzoborus atrirostris) (Reprodução/Picture Bird)
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse em uma reportagem do UOL que Torres não era m alvo das investigações do ano passado junto a diversos criadores cadastrados, mas a visita à sua casa foi um desdobramento dela.
O ex-ministro foi incluído após a identificação de inconsistências no Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros (Sispass), como o registro de aves em seu nome que estavam no nome de outras pessoas e também o registro de aves em seu nome que não foram encontrados em sua residência, como sete indivíduos da espécie Bicudo.
Rodrigo Agostinho declarou que: “Uma das coisas que chamou a atenção dos técnicos é que existe um limite de troca de criadouro de animais. Isso indica que ele pode estar comercializando essas aves. Tem um limite de aves que podem ser transacionadas e teve uma movimentação muito maior”.
Anderson Torres – ou alguém designado por ele – tem até 6 de março para revelar ao Ibama o destino e o paradeiro dos bicudos não encontrados em sua casa. Caso não seja feito, a complicação maior é a suspeita de venda ilegal de aves em risco de extinção. Em caso de morte das aves, suas anilhas devem ser apresentadas ao Ibama. Ainda por cima, os agentes identificaram que uma das aves sofreu mutilação de uma das patas.
O órgão ambiental ainda não apreendeu as aves, pois a suspeita de comércio ilegal ainda não foi confirmada. Enquanto isso, Anderson mantém uma funcionária para cuidar dos animais e das gaiolas.
Foto de destaque: Anderson Torres. Reprodução/Agência Brasília