Peixe apelidado de “cocaína do mar” é alvo de traficantes e pode ser extinto

Ágatha Pereira Por Ágatha Pereira
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O peixe totoaba, apelidado de “cocaína do mar”, corre sérios riscos de ser extinto após se tornar alvo de traficantes por conta de sua bexiga natatória, um órgão que os permite flutuar na superfície ou manter o equilíbrio nas profundezas, e é muito procurado por países asiáticos.

O documentário do jornalista belga Hugo Von Offel, chamado “The Godfather of the Oceans (“O Poderoso Chefão dos Oceanos”, em potuguês), investiga a pesca ilegal do totoaba. Devido ao rápido declínio da população espécie, que só pode ser encontrada no Golfo da Califórnia, ou Mar de Cortez, no México, toda a atividade de pesca envolvendo o totoaba foi declarada ilegal em 1975, mas a rede mafiosa “Cartel do Mar” encontrou meios de continuar pescando o peixe e lucrando com a venda para países da Ásia.


Totoaba, a “cocaína do mar”, corre sérios riscos de extinção. (Foto: Reprodução/National Geographic)


Na China, principal cliente do comércio ilegal, acredita-se que a bexiga do peixe tenha propriedades medicinais, mas que nunca foram comprovadas cientificamente. O consumo da bexiga também é usado como um marco de status social, já que somente os mais ricos conseguem ter acesso.

“Os traficantes do cartel de Sinaloa pescam a totoaba e a vendem por US$ 3 mil ou US$ 4 mil o quilo. A bexiga pesa mais ou menos um quilo. Para se ter uma ideia, um quilo de camarão custa entre US$ 15 e 10. Então a totoaba é um produto que muda a vida deles. Eles o vendem a US$ 3 mil ou US$ 4 mil a um representante do cartel, que depois o colocam num freezer para cruzar o deserto e a fronteira para lugares como Tijuana, por exemplo, e vendem para a China a partir dos Estados Unidos, por avião”, explica o jornalista.

A pesca do totoaba também coloca em risco outra espécie do Golfo: a vaquinha do mar, espécie considerada o menor mamífero marinho do mundo e também o mais raro. São animais esquivos e tímidos, que fogem ao perceber a aproximação de barcos. 

Para pegarem os totoabas, os pescadores usam redes de emalhar, onde as vaquinhas ficam presas e morrem sufocadas, e portanto, são consideradas “vítimas colaterais” da pesca ilegal dos totoaba.

 

Foto destaque: Homem segura um totoaba, e sobre a rede, está uma vaquinha do mar. Reprodução/Aquarium of the Pacific

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