Pesquisa mostra evidências de infeccção respiratória em dinossauros

Imagine um dinossauro jovem, com um pescoço comprido, adoecido, provavelmente com febre e tosse, vagando em uma região, onde hoje é o estado de Montana, norte dos Estados Unidos, há cerca de 150 milhões de anos. Um fóssil encontrado, é apelidado de “Dolly”, mostrou aquilo que pode ser uma evidência de uma infecção respiratória em […]

11 fev, 2022

Imagine um dinossauro jovem, com um pescoço comprido, adoecido, provavelmente com febre e tosse, vagando em uma região, onde hoje é o estado de Montana, norte dos Estados Unidos, há cerca de 150 milhões de anos.

Um fóssil encontrado, é apelidado de “Dolly”, mostrou aquilo que pode ser uma evidência de uma infecção respiratória em um dinossauro, segundo mostra uma pesquisa publicada nesta quinta, 10, pela revista Scientific Reports.

A espécie diplodocídeo, dinossauro herbívoro com pescoço longo, teve por volta de 18 metros de comprimento e tinha entre 15 e 20 anos quando morreu, segundo mostra Cary Woodruff, principal autor do estudo e diretor de paleontologia do Museu de Dinossauros em Montana.

Incluindo um crânio completo e as vértebras do pescoço, os restos de Dolly foram descobertos em 1990 em um lugar que teve outras descobertas futuras de dinossauros. Baseando-se nos fósseis encontrados, os cientistas não conseguiram determinar o sexo de Dolly.


Pesquisa mostra evidências de infeccção respiratória em dinossauros

Foto mostra possível fluxo de infecção. (Foto: Divulgação/Woodruff, et al., and Francisco Bruñén Alfaro)


Woodruff e seus colegas, recentemente, examinaram mais de perto três dos ossos do pescoço de Dolly e descobriram saliências ósseas anormais com texturas e formato irregulares.

Pesquisadores usaram imagens de tomografia computadorizada para mostrar que o crescimento ósseo anormal se formou, provavelmente, em resposta a uma infecção nos sacos aéreos de Dolly. O dinossauro tinha um sistema respiratório complexo e os sacos aéreos estavam conectados aos pulmões. Acredita-se que o diplodocídeo desenvolveu a infecção respiratória dentro de seus sacos aéreos, e com isso a infecção se espalhou para os ossos do pescoço.

“Durante os períodos de trauma, o osso pode crescer muito rápido, então imagino que estamos diante de uma infecção prolongada que ocorreu em algum momento durante o último ano de vida de Dolly”, explicou Woodruff via e-mail.

“Todos nós experimentamos esses mesmos sintomas — tosse, dificuldade para respirar, febre, etc. – e aqui está um dinossauro de 150 milhões de anos que provavelmente se sentiu tão miserável quanto todos nós quando estamos doentes”, complementou.

Segundo a pesquisa, Woodruff explica que os crescimentos ósseos tinham cerca de um centímetro, sendo improvável que fizessem o pescoço de Dolly inchar ou se projetasse. Ao invés disso, Dolly poderia estar mais infeliz pelos sintomas de pneumonia ou gripe, o que inclui perda de peso e espirros.

A doença pode ter tido como causa uma infecção por fungo não muito diferente da aspergilose, doença respiratória comum em répteis e aves que podem levar a infecções ósseas. Se não tratada, é fatal em pássaros, sendo possível que Dolly tenha morrido após adoecer.

Como esse dinossauro ficou doente? Provavelmente, o ambiente em Montana há 150 milhões de anos contribuiu para a doença. “As Montanhas Rochosas estavam em sua infância, e o ambiente tinha grandes rios em direção ao mar, com planicíes quentes, úmidos e bem vegetadas”, explicou Woodruff. “Climas quentes e úmidos são um habitat perfeito para fungos hoje, e o mesmo era verdade há milhões de anos”. Mesmo que a real causa, provavelmente, nunca seja conhecida, a pesquisa fornece mais informações sobre o sistema imunológico dos dinossauros.

“Esta infecção fóssil não apenas nos ajuda a traçar a história evolutiva das doenças respiratórias no tempo, mas nos dá uma melhor compreensão de quais tipos de doenças os dinossauros eram suscetíveis”, diz Woodruff.


Pesquisa mostra evidências de infeccção respiratória em dinossauros

Fósseis encontrados. (Foto: Divulgação/Woodruff, et al., and Francisco Bruñén Alfaro/CNN)


Outras pesquisas revelaram que, assim como os humanos, os dinossauros sofriam de câncer, gota e infecções por ferimentos. Também há evidências de uma infecção similar à tuberculose em um réptil marinho que viveu 245 milhões de anos atrás.

Esta é a primeira vez que um fóssil de dinossauro mostra evidências de uma infecção respiratória. A descoberta ajuda pesquisadores a entender melhor como os dinossauros respiravam, a relação evolutiva entre pássaros e dinossauros e os caminhos de infecções e doenças.

Agora, os pesquisadores querem confirmar se algum dos outros fósseis de dinossauros encontrados no mesmo lugar que Dolly tiveram essa mesma infecção. A área da paleopatologia, que estuda as condições patológicas encontradas em restos humanos e animais, está em crescimento.

Foto destaque: Reprodução/g1/Corbin Rainbolt/Scientific Reports

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