Pesquisa mostra evidências de infeccção respiratória em dinossauros

Leo Costa Por Leo Costa
5 min de leitura

Imagine um dinossauro jovem, com um pescoço comprido, adoecido, provavelmente com febre e tosse, vagando em uma região, onde hoje é o estado de Montana, norte dos Estados Unidos, há cerca de 150 milhões de anos.

Um fóssil encontrado, é apelidado de “Dolly”, mostrou aquilo que pode ser uma evidência de uma infecção respiratória em um dinossauro, segundo mostra uma pesquisa publicada nesta quinta, 10, pela revista Scientific Reports.

A espécie diplodocídeo, dinossauro herbívoro com pescoço longo, teve por volta de 18 metros de comprimento e tinha entre 15 e 20 anos quando morreu, segundo mostra Cary Woodruff, principal autor do estudo e diretor de paleontologia do Museu de Dinossauros em Montana.

Incluindo um crânio completo e as vértebras do pescoço, os restos de Dolly foram descobertos em 1990 em um lugar que teve outras descobertas futuras de dinossauros. Baseando-se nos fósseis encontrados, os cientistas não conseguiram determinar o sexo de Dolly.


Foto mostra possível fluxo de infecção. (Foto: Divulgação/Woodruff, et al., and Francisco Bruñén Alfaro)


Woodruff e seus colegas, recentemente, examinaram mais de perto três dos ossos do pescoço de Dolly e descobriram saliências ósseas anormais com texturas e formato irregulares.

Pesquisadores usaram imagens de tomografia computadorizada para mostrar que o crescimento ósseo anormal se formou, provavelmente, em resposta a uma infecção nos sacos aéreos de Dolly. O dinossauro tinha um sistema respiratório complexo e os sacos aéreos estavam conectados aos pulmões. Acredita-se que o diplodocídeo desenvolveu a infecção respiratória dentro de seus sacos aéreos, e com isso a infecção se espalhou para os ossos do pescoço.

“Durante os períodos de trauma, o osso pode crescer muito rápido, então imagino que estamos diante de uma infecção prolongada que ocorreu em algum momento durante o último ano de vida de Dolly”, explicou Woodruff via e-mail.

“Todos nós experimentamos esses mesmos sintomas — tosse, dificuldade para respirar, febre, etc. – e aqui está um dinossauro de 150 milhões de anos que provavelmente se sentiu tão miserável quanto todos nós quando estamos doentes”, complementou.

Segundo a pesquisa, Woodruff explica que os crescimentos ósseos tinham cerca de um centímetro, sendo improvável que fizessem o pescoço de Dolly inchar ou se projetasse. Ao invés disso, Dolly poderia estar mais infeliz pelos sintomas de pneumonia ou gripe, o que inclui perda de peso e espirros.

A doença pode ter tido como causa uma infecção por fungo não muito diferente da aspergilose, doença respiratória comum em répteis e aves que podem levar a infecções ósseas. Se não tratada, é fatal em pássaros, sendo possível que Dolly tenha morrido após adoecer.

Como esse dinossauro ficou doente? Provavelmente, o ambiente em Montana há 150 milhões de anos contribuiu para a doença. “As Montanhas Rochosas estavam em sua infância, e o ambiente tinha grandes rios em direção ao mar, com planicíes quentes, úmidos e bem vegetadas”, explicou Woodruff. “Climas quentes e úmidos são um habitat perfeito para fungos hoje, e o mesmo era verdade há milhões de anos”. Mesmo que a real causa, provavelmente, nunca seja conhecida, a pesquisa fornece mais informações sobre o sistema imunológico dos dinossauros.

“Esta infecção fóssil não apenas nos ajuda a traçar a história evolutiva das doenças respiratórias no tempo, mas nos dá uma melhor compreensão de quais tipos de doenças os dinossauros eram suscetíveis”, diz Woodruff.


Fósseis encontrados. (Foto: Divulgação/Woodruff, et al., and Francisco Bruñén Alfaro/CNN)


Outras pesquisas revelaram que, assim como os humanos, os dinossauros sofriam de câncer, gota e infecções por ferimentos. Também há evidências de uma infecção similar à tuberculose em um réptil marinho que viveu 245 milhões de anos atrás.

Esta é a primeira vez que um fóssil de dinossauro mostra evidências de uma infecção respiratória. A descoberta ajuda pesquisadores a entender melhor como os dinossauros respiravam, a relação evolutiva entre pássaros e dinossauros e os caminhos de infecções e doenças.

Agora, os pesquisadores querem confirmar se algum dos outros fósseis de dinossauros encontrados no mesmo lugar que Dolly tiveram essa mesma infecção. A área da paleopatologia, que estuda as condições patológicas encontradas em restos humanos e animais, está em crescimento.

Foto destaque: Reprodução/g1/Corbin Rainbolt/Scientific Reports

Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

Sair da versão mobile