Santuário na Libéria resgata os mamíferos que mais sofrem com o tráfico de animais

Beatriz Lacerda Por Beatriz Lacerda
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Na Libéria, África Ocidental, fica o Libassa Wildlife Sanctuary, onde Juty Deh Jr está alimentando filhotes de pangolim, um mamífero pequeno e escamoso. As escamas do pangolim têm valor comercial porque contém queratina, uma proteína muito usada na medicina tradicional asiática, mesmo sem comprovação científica de benefícios.

Os pangolins podem ser encontrados por toda a África e Ásia, e existem oito espécies desse mamífero, mas todas estão em risco de extinção. Na Libéria, são chamados de “ursos formigas” sua dieta composta por formigas e cupins.

O santuário é agora um refúgio para eles. Deh Jr deu uma entrevista à CNN, comentando sobre o acolhimento desses animais “Desde que comecei a trabalhar com Libassa Wildlife Sanctuary, sinto que os animais são parte de mim, então, sempre que vejo alguém (um) animal, sinto que eles estão me machucando pessoalmente”.

Deh Jr está com o santuário há cinco anos, desde a inalguração, e diz que na época cuidou de mais de 70 pangolins, em maioria trazidos para cá pela Autoridade de Desenvolvimento Florestal da Libéria após serem confiscados, entregues ou órfãos.


Foto: Pangolim curvado Reprodução/Revista Sapo


Outro motivo para que esses mamíferos estejam em risco de extinção é a carne. Na Libéria, muitas pessoas vivem em áreas florestais, por isso há um consumo de carne de caça, de primatas e civetas (um mamífero parecido com um gato), e o pangolim é considerado como uma iguaria.

Deh Jr cresceu comendo o animal, algo que ele hoje se arrepende. “Como uma criança que vive com seus pais, você não tem escolha, porque você não pode fornecer comida para si mesmo”, diz ele. “Então, mesmo que você não queira comer carne de caça, você só pode fazê-lo”.

O World Wide Fund for Nature (WWF) estima que globalmente mais de um milhão de pangolins foram caçados na última década. Susan Wiper, diretora do Libassa Wildlife Sanctuary, diz que estatísticas exatas são difíceis de encontrar. “Ninguém tem ideia dos números na Libéria, então, cada pangolim que vai é realmente um desastre”, disse ela.

A armadura escamosa os protege de quase todos os predadores, exceto um. “Os pangolins não têm inimigos naturais, exceto os humanos”, diz Deh Jr.

Wiper explica que muitas pessoas não sabem da existência do mamífero, e que a educação e a conscientização desempenham um papel crítico no futuro da conservação da Libéria. Segundo ela, a Autoridade de Desenvolvimento Florestal da Libéria está desempenhando um papel mais ativo no confisco de espécies retiradas da natureza.

Para Deh Jr “colocando-o de volta na natureza, você realmente se sente orgulhoso. Você sente que está avançando porque está realmente salvando animaizinhos”.

Nos últimos quatro anos, o santuário acolheu quase 600 animais – pangolins, crocodilos anões, macacos e outros. O principal objetivo é reabilitar e devolver o máximo possível de vida selvagem liberiana à floresta.

Foto destaque: Pangolim/World Wide Fund for Nature

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