Conheça os mitos e verdades sobre a alimentação dos pets

Heloisa Santos Por Heloisa Santos
11 min de leitura

A dieta de cães e gatos envolve muitos mitos quando o assunto é a alimentação. Para o bem-estar do pet, a dieta deve ser rica em nutrientes e balanceada, focada em uma vida saudável e que proporcione o bem-estar de gatos e cães.

As constantes pesquisas realizadas nessa área, permitiu uma evolução nos alimentos que , além de nutrir, também cuidam da saúde. O papel da ciência na elaboração e desenvolvimento desses alimentos, trouxe soluções e tratamento para animais com problemas urinários, de pele e obesidade, por exemplo.

Flavio Lopes, supervisor de assuntos veterinários da Hills Pet Nutrition Brasil, esclarece alguns mitos atuais que circulam na Internet e deixam os tutores com dúvidas sobre a alimentação de pets. Entre eles, os papéis do sódio, proteína, carboidrato, antioxidantes e leite. Afinal, eles fazem bem ou mal?

Sal aumenta a pressão arterial dos pets?

MITO. O sal costuma ser um ingrediente que gera bastante dúvida entre os tutores. O sal é composto por sódio e cloro, dois nutrientes essenciais para cães e gatos.

O antropomorfismo, ou seja, a humanização dos pets trouxe algumas ideias que sabemos dos humanos para os cães e gatos, e uma delas coube ao sal. Para humanos é sabido que devemos ingerir sal com moderação por ele trazer efeitos deletérios ao nosso sistema cardiovascular, como o aumento da pressão arterial. Por outro lado, para cães e gatos, esse tipo de efeito negativo ao ingerir sal não ocorre. Pelo contrário, eles suportam uma concentração bem maior do que imaginamos. Para termos uma ideia, eles são capazes de suportar uma concentração de mais de 10g por Kg de alimento sem que haja problema.

Claro, aqui estamos falando de animais saudáveis. Quando o animal se encontra em alguma enfermidade como doença renal ou até mesmo alguma cardiopatia, as quantidades devem ser revistas e acompanhadas por um médico-veterinário.

Alimento úmido tem muito conservante e sal?

MITO. O alimento úmido é caracterizado pelo seu alto teor de umidade, ele precisa ter no mínimo 60% de água na sua composição para receber essa classificação. Geralmente, é comercializado em latas e sachês e apresenta texturas diversas (patê, pedaços ao molho etc).

Categorizado como completo e balanceado, o alimento úmido pode ser oferecido como único alimento para cães e gatos e, assim, suprir as necessidades nutricionais dos pets, mas também pode ser classificado como específico para petiscos, ou seja, não pode ser oferecido como alimentação única.

Uma das principais dúvidas é se esses alimentos possuem ou não conservantes. A resposta é não. O alimento úmido passa por um processo de cozimento e posterior esterilização, culminando na exclusão de todos os microrganismos que possam causar danos à saúde dos animais. Inclusive, esse é um dos motivos porque esses alimentos estragam mais rápido depois de aberto. Normalmente, eles não podem ser oferecidos após 48h depois de aberto e devem ser conservados em geladeira.

Portanto, não há nenhum conservante no alimento úmido. Quanto ao sal, ele também não possui concentrações altas de sal. Esse alimento contém quantidade suficiente para suprir a necessidade de sódio e cloro dos pets. Claro, procure comprar de marcas de qualidade reconhecida para ter certeza que está oferecendo o melhor alimento ao animal.

Antioxidantes sintéticos contidos nos alimentos fazem mal?

MITO. Os antioxidantes contidos nos alimentos para pets são ingredientes importantes para a preservação de outros nutrientes, principalmente as gorduras que são essenciais à vida dos pets e são susceptíveis à oxidação, ou seja, à degradação de suas moléculas.

Os antioxidantes são utilizados em pet food como mecanismo de defesa contra a formação de radicais livres, controlando reações de oxidação das gorduras dos alimentos, preservando suas características, qualidade e segurança nutricional.

Dentre esses antioxidantes, existem o BHA e o BHT que são sintéticos e erroneamente acusados de causarem problemas como alergias e até mesmo câncer em cães e gatos.

Até o momento, não existem evidências científicas de que o uso de antioxidantes sintéticos em alimentos (desde que utilizados em níveis estabelecidos como seguros) promova malefícios para a saúde de cães e gatos. Existem evidências em humanos e ratos de que esses componentes podem ser tóxicos, mas quando ingeridos em quantidades muito elevadas.

Segundo a regulamentação nacional descrita pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a regulamentação internacional pela Food and Drug Administration (FDA) e também pela Association of American Feed Control Officials (AAFCO), a adição de BHA e BHT em quantidades mínimas (até 150 mg/kg de cada) na formulação do alimento é considerada segura em alimentos destinados a cães e gatos.

Carboidrato é um vilão para os gatos?

Esse é um ponto delicado, pois muitas pessoas acreditam que o carboidrato é um vilão para o gato, pois entendem que ele pode causar a obesidade e também permitir que o gato fique diabético.

Porém, isso é um MITO. Os gatos são uma espécie carnívora estrita, dependem de nutrientes de origem animal para suprir suas necessidades nutricionais, no entanto, são extremamente capazes de digerir o carboidrato a fim de obter glicose para sua sobrevivência.

Inúmeros estudos nacionais e internacionais demonstram que o gato absorve mais de 90% desse nutriente. Portanto, é uma fonte de energia efetiva e que também não é causadora de obesidade em gatos.

O que causa a obesidade em gatos é o excesso de energia proveniente não só do carboidrato, mas da proteína ou gordura. A quantidade de energia oferecida ao animal é que pode ser considerada a causadora de obesidade em gatos e, consequentemente, de diabetes.

Um bom exemplo disso em felinos pode ser uma analogia à onça criada em zoológico. Normalmente, elas são obesas e não comem ração, geralmente se alimentam somente de osso com carne, ou seja, não ingerem carboidrato e engordam do mesmo jeito. Então, um bom controle alimentar é que vai evitar que o gato engorde.

Proteína em excesso causa problema renal?

MITO. A proteína em excesso não causa problema renal em cães e gatos. Os gatos são animais carnívoros estritos e os cães são animais omnívoros com essência carnívora, portanto são aptos a ingerir quantidades de proteínas suficientes para que possam utilizá-las como fonte de energia e construir massa muscular.

O rim desses animais são capazes de filtrar perfeitamente todas as impurezas circulantes do metabolismo proteico sem efeito deletério.

Claro, isso vale para animais saudáveis. Caso o pet esteja com alguma enfermidade, como doença renal crônica, alguma doença hepática que não permita a ingestão de proteína, a alimentação deve ser revista com a ajuda de um médico-veterinário para que seja balanceada visando o tratamento à enfermidade com a ajuda de alimentos coadjuvantes.

Leite faz bem para cães e gatos?

Essa é outra dúvida frequente. O leite pode ser oferecido, mas é preciso atenção.

Quando o cão ou gato é filhote, ele se alimenta do leite materno para adquirir energia para seu crescimento. Se durante o desmame, quando o animal começar a comer alimento seco e o tutor continuar oferecendo leite, dificilmente o animal terá problema como diarreia. Isso se deve ao fato do animal possuir uma enzima chamada lactase no intestino que faz a digestão da lactose do leite.

No entanto, quando o filhote deixa de tomar leite e volta a tomá-lo depois de adulto, a enzima lactase já não estará em sua plena atividade e pode levar o animal a ter problemas gastrointestinais.

Importante:  leite de vaca ou de qualquer outro mamífero não deve ser oferecido como única alimentação para cães e gatos, tendo em vista que não possui todos os nutrientes essenciais para assegurar a sobrevivência de cães e gatos.

Dietas caseiras podem ter óleo e sal? 

VERDADE. Muitos tutores têm em mente que não devem adicionar óleo e/ou sal na comida do animal quando falamos de alimentação natural ou dietas caseiras.

Como já dito, o sal é extremamente necessário aos pets pois possui minerais importantes para a sobrevivência deles. O mesmo ocorre com o óleo, que é uma gordura que possui ácidos graxos, essenciais para a saúde do animal. Inclusive, a falta de óleo pode levar a graves complicações como doenças de pele, deficiência de vitaminas,  baixa resposta da imunidade, entre outros.

No entanto, vale salientar que o seu consumo deve ser de forma assistida e, no caso dos pets, sua utilização deve ser em separado durante a preparação do alimento caseiro. Isso porque ao misturá-lo durante o cozimento, pode-se perder o controle da quantidade que está sendo adicionada.

Foto Destaque: Reprodução

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