A edição inaugural do festival “The Town” se encerrou no último domingo (10), na vibrante cidade de São Paulo. Durante os cinco dias de evento, distribuídos ao longo de duas semanas repletas de música e entretenimento, aproximadamente 500 milhões de entusiastas da música testemunharam performances verdadeiramente marcantes, embora tenham também experimentado algumas surpresas desapontadoras.
Os admiradores de Bruno Mars foram os mais sortudos, pois tiveram a oportunidade não apenas de desfrutar de um, mas de dois espetáculos de alta qualidade. No entanto, alguns artistas internacionais não conseguiram atender às altas expectativas de seus fãs, enquanto outros enfrentaram desafios devido a programações em dias, horários ou locais que não foram os mais favoráveis.
A seleção dos melhores e piores shows do The Town foi elaborada a partir das análises realizadas pelo G1, que cobriu todas as performances nos palcos Skyline e The One, os principais cenários do evento.
Os melhores shows do The Town 2023
10° H.E.R.
Depois de brilhar em um dos destaques do Rock in Rio 2019, H.E.R. demonstrou mais uma vez sua maestria ao subir ao palco do The Town. A talentosa cantora californiana de 26 anos apresentou seu R&B para um público ansioso pela performance de Bruno Mars. Apesar de poucos demonstrarem familiaridade com seu repertório, a plateia se deixou levar pelos envolventes ritmos e batidas. A receptividade calorosa da audiência foi tamanha que muitos acompanharam a apresentação com palmas e cantaram em coro o refrão de “Hard Place”.
H.E.R. no The Town 2023 (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)
9° Jão
Jão teve a honra de encerrar a jornada do palco The One. O cantor demonstrou total compreensão da magnitude desse momento. Aqueles que se aproximavam do palco eram imediatamente recebidos por uma imponente cenografia, representada por um dragão de asas abertas dominando o espaço. Jão é conhecido por seus shows minuciosamente planejados, que costumam esgotar rapidamente, envolvendo cenários elaborados, dramatizações envolventes e uma presença de palco cativante.
O repertório escolhido para a ocasião foi equilibrado entre as músicas de seu recente álbum “Super” e os sucessos mais antigos. O artista, famoso por fundir elementos de sofrência com o pop e toques de autodepreciação, optou por trilhar um caminho que celebra as paixões e os aspectos positivos que elas podem proporcionar. Esse direcionamento resultou em uma performance enérgica e contagiante, que deixou o público dançando e envolvido do início ao fim.
Jão no The Town 2023 (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)
8° Bebe Rexha
A talentosa cantora novaiorquina, aos 33 anos, mais uma vez surpreendeu ao demonstrar que sua arte transcende o estilo de pop que a consagrou nos últimos anos. Sua apresentação no The Town manteve a intensidade e carisma que encantaram o público no Rock in Rio 2019. Após quatro anos, a performance trouxe algumas novidades, incluindo a participação especial de Luísa Sonza. Juntas, as duas artistas entregaram uma interpretação emocionante de “I Got You”, demonstrando tamanha a química que até compartilharam um momento carinhoso, trocando um beijo no palco.
Bebe Rexha com Luísa Sonza no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@luisasonza)
7° MCs Hariel, Ryan SP e Cabelinho
A combinação harmoniosa entre o trap e o funk do Rio de Janeiro e de São Paulo se revelou como um triunfo absoluto em uma das primeiras apresentações da estreia do festival. Os MCs em questão são atualmente considerados como três das maiores sensações do cenário do funk consciente. A performance do trio superou as expectativas, com uma plateia entusiástica que lotou o espaço, se unindo em coro durante a apresentação de um medley de sucessos.
O setlist teve início com “Cracolândia”, uma música que explora o lado mais sombrio de São Paulo. Hariel, em uma entrevista ao G1, explicou que, em meio a uma decoração inspirada em arranha-céus, o objetivo era expor uma faceta da capital que muitas pessoas preferem ignorar, tornando a apresentação uma experiência poderosa e provocativa.
MCs Hariel, Ryan SP e Cabelinho no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@mchariel)
6° Iza
Iza está dedicada a apresentar uma versão completamente nova de si mesma, tanto em termos de performances quanto de repertório musical. Isso ficou claro durante seu show no The Town. Com seu álbum mais recente, “Afrodhit”, em mãos, era natural esperar que a cantora ampliasse sua seleção de músicas, se afastando da familiaridade que a caracterizava há anos.
No entanto, surpreendentemente, a diversificação de repertório se concentrou principalmente na incorporação de sucessos de outros artistas, incluindo faixas de Beyoncé. Os convidados especiais, MC Carol, Djonga e L7nnon, trouxeram momentos de destaque para a apresentação, revelando uma Iza que se aventurou além do seu próprio catálogo, tornando o show uma experiência vibrante e repleta de surpresas.
Iza no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@iza)
5° Demi Lovato
O show de Demi Lovato no The Town não apresentou uma diferença significativa em relação ao que ela entregou no Rock in Rio de 2022, um dos destaques daquela edição. A artista retornou ao Brasil com a mesma turnê associada ao álbum “Holy Fvck” e contando com a talentosa banda formada exclusivamente por mulheres, que oferece interpretações poderosas dos maiores sucessos de diferentes fases da carreira de Demi.
A grande surpresa da noite foi a participação especial de Luísa Sonza, que se juntou a Demi Lovato para uma interpretação da recém-lançada “Penhasco2”, adicionando um toque emocionante a um show já impressionante.
Demi Lovato no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@ddlovato)
4° Foo Fighters
São poucas as bandas que conseguem executar um “classic rock” com tanta maestria, tanto ao vivo quanto em estúdio, como o Foo Fighters. Embora alguns críticos possam considerar o rock de estádio da banda americana como excessivamente popular ou até mesmo clichê, a grande maioria dos aproximadamente 100 mil fãs presentes no The Town não apenas cantou em uníssono, mas também se emocionou profundamente.
A apresentação ganhou um significado especial devido ao contexto, marcado pelo falecimento do baterista Taylor Hawkins em 2022. Um ano após essa triste perda para os entusiastas do rock, o grupo retornou ao Brasil com uma carga emocional evidente. Em um dos momentos mais tocantes da performance, a canção “Aurora” foi dedicada a Hawkins. O vocalista Dave Grohl compartilhou com a plateia: “Vamos continuar tocando essa música para sempre, porque era a favorita do Taylor”, acrescentando um elemento de homenagem à noite.
Dave Grohl no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)
3° Ludmilla
O espetáculo da cantora irradiou sensualidade, coreografia envolvente, cenografia impecável e uma seleção musical capaz de elevar a multidão presente, embora o horário tenha sido considerado surpreendentemente cedo para a grandiosidade e intensidade de sua apresentação.
O repertório abraçou uma ampla diversidade de gêneros musicais, indo desde seus sucessos mais antigos até suas faixas mais recentes, atravessando o afrobeat, pop, funk, trap e pagode. A performance transitou entre os momentos de sofrência amorosa e o batidão que celebra a independência dos solteiros orgulhosos.
Um dos elementos de maior destaque envolveu a chegada de Lulu Santos, que emergiu de uma extensa caixa dourada envolta de fumaça e luzes neon. Juntos, os dois apresentaram “Toda Forma de Amor”, com Ludmilla enfatizando a importância de as pessoas serem quem desejam ser.
Ludmilla no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)
2° Ne-Yo
Com o início de sua carreira sendo do final da primeira metade dos anos 2000, Ne-Yo se conectou instantaneamente com o público do The Town, relembrando os dias em que suas músicas dominavam as paradas das rádios da época. No palco The One, o cantor de pop com um toque de suingue entregou uma performance eletrizante.
A intensidade sonora foi tão marcante que muitos na plateia sentiram a necessidade de coçar os ouvidos devido à potência do som. Enquanto isso, os sucessos nostálgicos de Ne-Yo conseguiram incitar praticamente todos aqueles que estavam presentes a dançar.
Ne-Yo no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)
1° Bruno Mars
A expectativa de um espetáculo grandioso vindo de Bruno Mars era totalmente justificada. Não apenas pelos seus inúmeros sucessos, mas também pelas memoráveis apresentações feitas no Brasil em 2017. Durante seus dois shows no The Town, o cantor deixou claro porque é considerado um dos melhores artistas da atualidade.
Com performances coreografadas, Bruno Mars, apresentou seus hits com um nível de excelência. Seu domínio do palco foi evidente, repleto de movimentos cheios de gingado e interações animada com o público em português. Surpreendentemente, ele fez com que a plateia cantasse a famosa música sertaneja “Evidências” em uma versão instrumental executada pelo tecladista John Fossitt.
Bruno Mars no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)
Os piores shows do The Town 2023
10° Wet Leg
A dupla inglesa, uma das poucas estreantes no Brasil no line-up do festival, se destacou por uma postura contrária aos artifícios frequentemente utilizados por outros artistas em festivais. Eles optaram por não fazer covers, não convidaram outros artistas e não investiram em um espetáculo de luzes. No entanto, infelizmente, essa abordagem singular teve suas desvantagens.
O horário do show, programado imediatamente antes da apresentação do Foo Fighters, acabou prejudicando a dupla pois o público estava ocupado garantindo seu lugar para assistir aos astros da noite. Como resultado, o palco secundário viu uma plateia novamente vazia. Embora tenha havido um pouco de entusiasmo na frente do palco, não foi o suficiente para salvar completamente a apresentação, que sofreu com a falta de espectadores.
Wet Leg no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)
9° Seu Jorge
Outro artista que sofreu um dilema semelhante foi Seu Jorge, que subiu ao palco antes do show de Bruno Mars no domingo passado (03). A segunda metade de sua apresentação testemunhou uma debandada de fãs que se dirigiam rapidamente ao palco Skyline. Com determinação e seu carisma, Seu Jorge fez o possível para manter o público envolvido, recorrendo aos clássicos que já embalaram gerações nas estações de rádio.
No entanto, mesmo com seus esforços, o hit “Burguesinha”, um dos maiores sucessos do cantor, acabou sendo tocado para uma plateia reduzida.
Seu Jorge e Bruno Mars nos bastidores do The Town (Foto: reprodução/Instagram/@seujorge)
8° Racionais MCs e Orquestra de Heliópolis
A expectativa era alta para testemunhar a fusão do flow dos Racionais com os timbres dos violinos, violoncelos e contrabaixos. Contudo, aqueles que foram ao show em busca dessa experiência podem ter ficado desapontados. O som dos beats eletrônicos mixados pelo DJ KL Jay acabou dominando a cena, deixando em segundo plano o talento da Orquestra composta pelos instrumentistas e coral, que estavam na regência do maestro Edison Ventureli.
Mano Brown no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)
7° Leon Bridges
Mais um artista que enfrentou um desafio na programação do The Town foi o vencedor do Grammy em 2019, considerado pela crítica como um dos grandes soulmen contemporâneos. Sua performance aconteceu logo após o show do Alok, e a plateia foi se formando aos poucos, mas não conseguiu preencher completamente o espaço.
Além disso, o cantor teve que lidar com a invasão sonora do palco Factory, que acabou interferindo em sua música mais conhecida, “River”, durante o encerramento da apresentação.
Leon Bridges no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@leonbridgesofficial)
6° Luísa Sonza
No The Town, a cantora gaúcha apresentou seu primeiro show na era mais recatada de sua carreira, inaugurada com o álbum “Escândalo Íntimo”, que havia sido debatido na internet nas últimas semanas. Apesar da grande expectativa em torno desse lançamento, a apresentação de estreia foi insuficiente em termos de surpresa.
Luísa demonstrou uma notável evolução vocal, fez declarações para o namorado e prestou uma homenagem a Marília Mendonça. No entanto, a empolgação do público pareceu aquém do entusiasmo observado em outros espetáculos nacionais que ocuparam o palco principal durante a tarde ao longo do evento.
Luísa Sonza no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@luisasonza)
5° Matuê
Matuê nomeou seu show como “Matuê convida O Nordeste”. Isso levou muitos a imaginar que o rapper cearense de 29 anos traria outros talentos da música nordestina para compartilhar o palco. Mas, o artista surpreendeu ao se apresentar como um representante da nova música da região destacando sua própria contribuição.
O público enfrentou um pequeno contratempo, pois houve um atraso de 30 minutos na produção da estrutura do palco, que só foi utilizada na segunda metade do show.
Matuê no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@matue)
4° Chainsmokers
A dupla novaiorquina alternou entre trechos de pop rock de outros artistas e seus próprios hits eletrônicos. No entanto, a performance acabou sendo percebida como óbvia e carente de energia. Talvez o Chainsmokers seja exatamente isso: uma dupla que não busca surpreender, apresentando um estilo de pop eletrônico seguro, mas que se encontra distante do impressionante arsenal tecnológico de Alok.
Essa abordagem mais simplista do Chainsmokers pode ter agradado alguns, mas deixou outros desejando por uma experiência mais ousada e inovadora.
The Chainsmokers no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@thechainsmokers)
3° Kim Petras
Kim Petras demonstrou seu desejo de criar uma atmosfera de dança durante sua apresentação. Como a primeira cantora trans a alcançar o topo das paradas americanas, ela se esforçou para transformar o Autódromo de Interlagos em uma pista de dança. Contudo, enfrentou desafios para atingir esse objetivo.
A plateia foi composta por fãs dela na grade, mas também havia admiradores de Bruno Mars. Esses fãs de Bruno, embora observassem a performance de Kim Petras, optaram por permanecer sentados, tirando selfies ou conversando entre si.
Kim Petras no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@thetownfestival)
2° Maroon 5
Após mais de uma década de carreira, os californianos continuam apostando nos mesmos sucessos e na imagem de galã de seu vocalista, Adam Levine, embora, para decepção de muitos fãs presentes, ele tenha optado por tirar a camisa apenas nos instantes finais do show, um gesto que costumava a acontecer mais cedo.
A presença do líder da banda no festival foi marcada por uma voz aparentemente prejudicada e uma falta de entusiasmo em comparação ao seu costumeiro vigor.
Adam Levine no The Town (Foto: reprodução/Instagram/@maroon5)
1° Iggy Azalea
A rapper australiana, aos 33 anos apresentou um show que enfatizou sua atual posição como popstar em uma fase decadente em sua carreira. Ficou evidente que a maior parte do tempo ela estava dublando, e quando falava entre as músicas, sua voz não se assemelhava ao que seu ouvia em suas músicas. Além disso, a performance de Iggy contou com a presença de quatro dançarinas cuja coordenação não estava à altura do padrão esperado.
Iggy Azalea no The Town (Foto: reprodução/Instagram@thenewclassic)
O festival The Town já foi confirmado para sua segunda edição em 2025.
Foto Destaque: Pôster promocional do festival. Reprodução/Divulgação/The Town.