Quando se diz que o original não pode ser superado, deve ser um pensamento que o rapper canadense Drake compartilha, ilustrado em sua recente frustração que ocorreu ao cantor quando essa semana ele teve sua voz usada para cantar “Munch”, música da rapper Ice Spice, cuja versão foi criada sob o uso de Inteligência Artificial (IA)
Segundo uma informação do Complex, a música teria sido recriada a partir de um “deepfake”, de voz no qual a tecnologia utiliza algoritmos de IA que simula vozes e aparências humanas de forma quase autêntica ao verdadeiro. Quando Drake soube do ocorrido nesta última quinta-feira (13/04) ele mostrou sua total frustração em um tom de desgosto dizendo: “Isso é a gota d’água” em uma postagem em suas redes sociais.
O ocorrido com Drake traz a tona uma já velha, porém ainda recorrente discussão, sobre o valor de propriedade intelectual de artistas frente ao uso de tecnologias avançadas capazes de recriar seja suas aparências ou até mesmo suas vozes via algoritmos. É um fato louvável pensar que uma IA carregue tamanho potencial criativo que abre um leque para várias pessoas de criarem e manejarem suas versões favoritas de algo seguindo um critério autoral próprio.
Porém, até que ponto isso passa de uma ferramenta de ponta com um uso desenfreado e capaz de prejudicar autores, e como fica os direitos de artistas para com suas imagens e vozes, que devem possuir o direito de usar como eles bem devem e protegidos legalmente por isso.
Os rappers Ice Spice e Drake (Foto: Reprodução / Portal RAPMAIS)
Uma informação do Financial Times, o Universal Music Group, declarou recentemente um pedido dirigido aos grandes serviços de streaming do mundo da música, o Spotify e Apple Music respectivamente, para que as plataformas de IA sejam impedidas de usarem sua música para “treinar” ou fazer experimentações em sua tecnologia.
“Temos uma responsabilidade moral e comercial com nossos artistas de trabalhar para impedir o uso não autorizado de suas músicas e impedir que as plataformas ingiram conteúdo que viole os direitos de artistas e outros criadores (…) Esperamos que nossos parceiros de plataforma desejem impedir que seus serviços sejam usados de maneira que prejudique os artistas.” – diz o pedido oficial vindo de um representante da UMG.
Ainda no inicio de 2023, Young Guru, um engenheiro antigo de JAY-Z, expressou um sentimento parecido quanto ao uso de IA, emitindo um alerta envolvendo implicações éticas e legais de pessoas que passaram pelo mesmo que Drake agora ao terem suas vozes clonadas via inteligência artificial.
“Estamos em um momento muito inovador, mas perigoso. Não é a tecnologia, é o mal que os homens fazem com a tecnologia (…) Existem aspectos legais porque neste momento não se pode fazer copyright de uma voz. (Midler v. Ford Motor Co.). Você pode registrar uma música ou um discurso, mas não a voz em si!!! Você pode literalmente criar uma música ou um álbum na voz do seu músico favorito. E isso é apenas música. A capacidade de criar um candidato da Manchúria me assusta. Pense nisso em todos os setores”.
Até o momento não houve comunicação oficial envolvendo o copyright pedido por Drake no uso indevido de sua voz.
Foto Destaque: Drake durante um concerto (Reprodução / Rolling Stones)