“Sexo, Poder e Arte”, de Manu Gavassi, já está disponível no YouTube

Nicoli Martinazzo Por Nicoli Martinazzo
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O curta-metragem roteirizado e estrelado por Manu Gavassi, “Sexo, Poder e Arte”, já está disponível no YouTube. Lançado na última quinta-feira (21), o novo curta faz parte do projeto autoral da cantora, composto de quatro curta-metragens, com o foco em divulgar a produtora Estúdio Gracinha.

Manu Gavassi foi responsável pela direção criativa, e Felipe Simas, pela direção executiva.

A produção aborda a hiperssexualização feminina, principalmente no meio artístico, e o conceito de empoderamento presente na sociedade. Com a participação de Letícia Colin e Pathy De Jesus, a produção se inicia com um diálogo entre a apresentadora Karen e a escritora Léia em um programa de TV.

Quando o tema empoderamento é abordado no programa, as duas personagens entram em conflito e a apresentadora Karen, vivida por Letícia Colin, corta o discurso da escritora e diz que a mulher deve se sentir livre para mostrar o que quiser. Essa atitude é o tempo todo guiada pelo produtor Paulinho, vivido por Victor Lamoglia.

Temáticas abordadas 

O clipe aborda diversas problematicas sociais, como a corrida por objetivos: o homem branco anda calmamente para atingir o sucesso, já a mulher branca precisa correr para alcançar o mesmo objetivo; o homem preto, por sua vez, precisa correr mais que a mulher branca, mas mulher preta precisa correr mais que todos.


 

Curta-metragem “Sexo, Poder e Arte” (Vídeo: Reprodução/Youtube/@ManuGavassi)


O clipe também mostra que um homem pode seguir uma carreira musical apenas cantando, enquanto uma mulher, muitas vezes, precisa mostrar seu corpo e se sexualizar para fazer sucesso. A artista também recria a capa do “MANU”, seu CD lançado em 2017, mostrando que ela mesma já foi vítima do falso empoderamento feminino.

Sobre essa temática, o curta metragem aborda que “precisamos tomar muito cuidado pra não reproduzir o corpo feminino através do imaginário masculino, que vem dessa pornografia que é feita por homens, para homens, e achar que isso é empoderamento.

Um dos personagens do curta afirma para Manu que ela “precisa amadurecer seu trabalho”. Essa referência é uma crítica pra quem ainda enxerga a produtora como uma cantora teen, acreditando que para “amadurecer” é necessário que ela sexualize e exponha seu corpo.

Declaração da compositora 

Em sua conta no X (antigo Twitter), a artista comentou que nunca teve tanto medo de algo como de lançar esse curta. “E olha que já entrei no BBB. Me sinto pulando do precipício mesmo com diversas placas de perigo, sem para quedas, nem chance de sobrevivência. Minha irmã falou que o medo que eu tenho de falar sobre esses temas faz parte do problema. E faz mesmo. Por isso guardei esse desabafo por anos”, contou.

Ela explica que falar sobre hipersexualização da mulher, principalmente no meio artistico, é difícil porque é algo visto como julgamento ou moralismo, “E a última coisa que a gente quer é julgar mulheres, então é melhor não questionar e ficar quieta. Certo? Errado. O problema nunca foram as mulheres. Somos todas vítimas de algo muito maior”, acrescenta.

Ela destaca que também é dificil falar sobre isso porque cada corpo feminino toma um significado quando é colocado nu ou semi nu publicamente. “O meu é incentivado e até tido como ‘empoderamento’. Mas hoje entendo que não é. Ele é inofensivo. Tenho questionado qual a nudez que revoluciona a e qual a nudez que aprisiona. O que o meio pop cobra de nós mulheres pra vender e o que ele cobra dos homens? Porque nossa inteligência é chatisse e nosso corpo é poder?”, indaga.

Ela questiona, ainda, a diferença entre cantar sobre sexualidade feminina e de ser hipersexualizada pra ter a chance de cantar.

Para a cantora, somos uma geração bem “específica”. Quebramos tabus das nossas ancestrais e temos uma falsa sensação de liberdade, “mas somos mesmo livres? Nosso valor é medido através de uma tela de celular e esses números sem querer ditam nosso comportamento e confundem nossa cabeça.
O que me traz de volta ao medo. Medo de errar com quem importa: Meninas e Mulheres que estão lendo esse texto. Sei que nossas vivências e dores são diferentes mas também sei que ser mulher é ser julgada. Então decidi juntar a coragem que ainda me resta, pra ser julgada, mas pelo menos tentar falar sobre isso”, desabafa a atriz.

Ela finaliza afirmando que espera que essa produção inicie um debate, mesmo que acabe com a sua carreira já cambaleante de “cantora pop”: “Aqui está meu terceiro curta: Sexo, poder e arte. Obrigada a todas as mulheres que conversei nos últimos anos (do meio artístico e fora dele) sem saber que nossos papos virariam isso”.

A produção já conta com mais de 318 mil visualizações no YouTube, com posição #3 nos vídeos em alta do YouTube Brasil.

Foto destaque: Manu Gavassi (Reprodução/Instagram/@alli.zao)

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