Confira os principais destaques do terceiro e último dia do Lollapalooza Brasil 2024

Alanis Zamengo Por Alanis Zamengo
11 min de leitura
Foto destaque: Lollapalooza 2024 (reprodução/Divulgação/Lollapalooza)

Após dias de chuva que deixaram o Autódromo de Interlagos, na zona Sul de São Paulo, praticamente intransitável, com lama por todos os lados, finalmente uma trégua meteorológica se fez presente. A temperatura subiu levemente, dissipando as nuvens e proporcionando alívio para os frequentadores e organizadores do Lollapalooza.

Com o clima ameno proporcionado pela pausa da chuva, os artistas como Gilberto Gil, SZA e Sam Smith puderam brilhar nos palcos do terceiro e último dia de festival, cativando o público que teve finalmente a oportunidade de se livrar das capas de chuva e desfrutar plenamente dos shows.

Além de tais artistas, o festival ainda contou com a performance do funkeiro Livinho, que foi marcado por contratempos, incluindo um atraso de 20 minutos que ele atribuiu à organização do evento, resultando em um tempo reduzido de sua apresentação. Apesar disso, Livinho prestou um tributo ao Rei do Pop, Michael Jackson, incorporando seu icônico figurino e coreografia, proporcionando um momento memorável ao público presente.

SZA

Com uma performance arrebatadora, SZA não apenas expressou sua própria dor emocional, mas também conseguiu tocar os corações dos milhares de espectadores reunidos no Autódromo de Interlagos. Como a última headliner do festival deste ano, a artista deixou sua marca ao interpretar canções emotivas sobre sofrimento amoroso.

Subindo ao palco Budweiser, o principal do evento, SZA foi recebida com entusiasmo por uma plateia consideravelmente menor do que a do Blink-182 na sexta-feira (22). Vestindo uma camiseta verde e amarela do Brasil, a artista foi calorosamente saudada pelos espectadores, que manifestaram seu apoio com gritos e aplausos. Após algumas músicas, a cantora retribuiu o carinho gritando o nome do país.


SZA durante seu show no Lollapalooza
SZA durante seu show no Lollapalooza (Foto: reprodução/Instagram/@sza)

Avançando o show, SZA se envolveu ainda mais com o público, dançando no palco com bandeiras do Brasil e emitindo uma gravação saudando a multidão em português. Expressando sua gratidão aos brasileiros e aos povos indígenas do país por acolhê-la calorosamente.

Aos 34 anos, a artista desembarcou no Brasil com uma sólida trajetória musical. Apesar de estar na indústria há mais de uma década, Solána Imani Rowe, seu nome de batismo, alcançou o reconhecimento em 2017 com o lançamento do álbum “Ctrl”. Posteriormente, em 2022, consolidou sua posição com o hit “Kill Bill” e alcançou o sucesso global com álbum “SOS”.

Iniciando sua performance com um trecho de “Open Arms”, SZA cativou o público presente, passando em seguida por “Seek & Destroy” e incendiando o Autódromo com “Love Galore”. A participação de Travis Scott no sucesso ecoou pelos alto-falantes acompanhada pelas backing tracks.

SZA reafirma seu título de rainha da sofrência no cenário pop americano, se destacando como a artista que melhor consegue traduzir a dolorosa parte do amor em suas músicas. Com um repertório predominantemente romântico, ela não apenas cativa, mas também define o clima emocional de seu show.

Greta van Fleet

Encerrando o festival em meio ao terreno ainda lamacento, a banda Greta van Fleet trouxe uma explosão de energia com seus agudos estridentes e poderosas guitarras. Apesar das condições adversas, o grupo conseguiu elevar o ânimo do público, encerrando o evento com uma performance intensa e memorável.

Após se emocionarem ao som da sofrência da headliner SZA, algumas centenas de pessoas decidiram migrar para o show do Greta van Fleet. Mesmo enfrentando as dificuldades causadas pela lama no chão, o público persistiu, determinado a atravessar o espaço escorregadio para chegar ao palco onde a banda estava se apresentando.

Os espectadores encontraram uma solução para atravessar o terreno lamacento do festival: caminhar lentamente, com passos cautelosos, na esperança – e expectativa – de evitar quedas. Aqueles que conseguiram vencer esse obstáculo foram recompensados com a envolvente performance da música “Safari Song”.


https://twitter.com/umusicbrasil/status/1772094208649650292?t=57yIxd3ilUfi04KZLkJ5yg&s=19

A banda de rock, composta por três irmãos e um amigo, ofereceu uma mistura de músicas e momentos de destaque para os solos instrumentais durante sua apresentação. Danny Wagner, o baterista, conquistou aplausos da plateia em várias ocasiões.

Outro destaque da performance foi o vocalista Josh Kiszka, cujo alcance vocal incomum cativou a audiência. Com uma aura reminiscente das estrelas do rock dos anos 1970/80, o artista não poupou esforços para revigorar o público após um longo dia de show.

Sam Smith

Houve uma significativa mudança na vida de Sam Smith desde sua última apresentação no Lollapalooza Brasil em 2019, até sua performance neste domingo (24), no mesmo palco e horário daquele ano.

Em 2019, Sam Smith já ostentava a maior parte dos prestigiados prêmios Grammy em sua carreira e suas canções românticas do álbum de estreia “In The Lonely Hour” (2014) estavam firmemente enraizadas no repertório do público brasileiro.

Meses após sua performance no festival, Sam Smith fez uma declaração marcante se revelando uma pessoa não-binária e expressando o desejo de ser identificado por pronomes neutros, rompendo com as convenções tradicionais de gênero.

No palco, as transformações de Sam Smith se manifestaram em todos os aspectos: na performance, no cenário, na aparência e no discurso. Cantando no palco Samsung, Smith incorporou uma apresentação visual poderosa, com um enorme corpo deitado de bruços de ponta a ponta, onde sua banda executiva e seus dançarinos circulavam. A estrutura do palco estava adornada com mensagens provocativas, como “protejam as crianças trans” e “libertação”, destacando seu compromisso com questões de inclusão e diversidade.

“Nem acredito que cinco anos desde que estivemos aqui. Queria agradecer por continuarem comigo. Muito aconteceu na minha vida e saber que vocês estão aqui é incrível. […] Esse show é sobre a liberdade de usar o que você quiser usar, cantar qualquer música que quiser cantar e ser o que você quiser ser”, declarou Sam no início da apresentação.

Sam Smith deu início ao espetáculo com uma sequência melódica composta por “Stay With Me”, “I’m Not the Only One” e “Like I Can”, todas provenientes de seu primeiro álbum.



Gilberto Gil

A performance do renomado artista baiano foi um ponto alto necessário neste último dia do festival, especialmente diante dos desafios enfrentados, incluindo cancelamentos de artistas, substituições de última hora e críticas ao line-up. Gilberto Gil trouxe uma energia revitalizante e uma sensação de autenticidade que ressoou com o público.

No palco, Gilberto Gil, acompanhado por poucos familiares, em contraste com a grande produção da recente turnê “Nós, A Gente”, proporcionou uma experiência intimista e marcante. Seu impacto foi semelhante ao show dos Titãs, que encerrou o sábado (23), com uma apresentação igualmente poderosa e emocionante.

“Vocês tomaram conta da música mundial, hein, molecada? Aficionados, devotados. Viva a juventude brasileira”, manifestou.

O início da noite foi marcado por uma atmosfera alegre e otimista no Autódromo, com o público celebrando diversos momentos especiais. Desde a aparição de Preta Gil no telão até os momentos em que o patriarca pedia um instante para ajustar o cinto, cada detalhe era motivo de comemoração. Além disso, a plateia se empolgava a cada início de música, reconhecendo e aclamando os muitos sucessos de Gilberto Gil, como “Realce”, “Vamos Fugir”, “Andar com Fé” e “Palco”.



A conexão entre Gilberto Gil e seu público durante o show foi tão profunda que parecia que ele estendia sua família para além dos laços sanguíneos, incluindo cada indivíduo da plateia. O público, o tratando com uma mistura única de familiaridade e reverência, testemunhou não apenas um concerto, mas sim um momento de união e comunhão por meio da música.

Livinho

Com um atraso de quase 20 minutos, MC Livinho subiu ao palco do Lollapalooza vestindo um chapéu com brilho, uma luva prateada e um paletó preto. Essa vestimenta extravagante foi parte de sua homenagem ao cantor Michael Jackson, à qual ele vinha prometendo dedicar seu show nas últimas semanas.

Nos primeiros minutos de sua apresentação, o funkeiro aproveitou para dançar os passos icônicos do artista americano ao som de um remix de clássicos como “Beat It”. Demonstrando habilidade e reverência ao legado do Rei do Pop, MC Livinho proporcionou um momento nostálgico e empolgante.

O tributo ao Michael Jackson realizado por Livinho pareceu um tanto apressada para alguns espectadores. Apesar de conhecido por seu bom alcance vocal, o funkeiro arriscou cantar uma música o astro, deixando alguns fãs na plateia se perguntando se a homenagem, tão divulgada nas últimas semanas, se resumiria apenas àquilo. Posteriormente, o artista trocou de roupa e seguiu com músicas de seu próprio catálogo.



Perto das 17h45 (horário de Brasília), Livinho fez um anúncio inesperado, informando que precisaria encerrar sua apresentação antes do planejado.

Mesmo com tempo limitado, o artista demonstrou sua habilidade e carisma no palco. Ele conseguiu animar a plateia com músicas como “Pilantragem” e “Cheia de Marra”, apresentando arranjos diferentes dos tradicionais, mais sofisticados e inovadores, o que surpreendeu e encantou os fãs presentes.

Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

Sair da versão mobile