Do funk à religião: o Brasil plural de Anitta.

Davi Santos Por Davi Santos
3 min de leitura
Créditos: Foto extraída do Instagram da cantora.

Nesta quarta-feira (14), Anitta lançou seu mais novo clipe “Aceita”, faixa musical de número 7 do seu novo álbum Funk Generation. Assim como seu novo álbum de estúdio, Anitta mostra para os demais países, através desse vídeo clipe, um Brasil plural com raízes findadas na musicalidade e religião.

 A cantora nesse trabalho áudio visual evidencia os diferentes cultos presentes na sociedade brasileira, em especial nas comunidades cariocas. Com essa atitude de colocar uma mescla de religiões, ela coloca em debate a intolerância religiosa em nível mundial, uma vez que possui um grande público ouvinte no exterior.

A linha narrativa de Anitta

Sua esperteza em criação de narrativa, junta aspectos que ainda são considerados “tabus” na sociedade brasileira, tais como a sensualidade, a misoginia, o funk e as religiões de matriz africana coexistindo com as religiões cristãs. Evidenciando assim a junção do sagrado e do profano, ou seja, um Brasil plural marcado pela fé, festa e preconceito.

Anitta utiliza de forma sutil o tema do preconceito fazendo um contraponto com sua carreira, ao mesmo tempo em que ela recebe comentários negativos pelo seu trabalho e religião, ela exalta suas conquistas profissionais reafirmando uma tese de que o sagrado anda junto com o profano, isto é, o profano referenciando-se a festa, principalmente a festa popular nas comunidades do Rio de Janeiro e do Brasil, que é o baile funk.

Ritmo, dança e fé

Créditos: Foto extraída do Instagram da cantora.

Outro ponto que Anitta mostra para seu público internacional, é a relação direta entre os batuques do Candomblé, e a batida do funk. Logo no início de seu vídeo clipe, ela mostra Ogans (Homens responsáveis por tocar no atabaque), batendo em um ritmo que logo se junta com a batida inicial da música em questão. Essa junção não foi ocasional, mas sim estrategicamente pensada pois alguns funks cariocas dos anos 90 e 2000 utilizavam como base rítmica os sons produzidos pelo atabaque.

As danças presentes no clipe também é um fator importante a ser analisado, pois dentro do Candomblé, os deuses dançam, e tais danças representam a coletividade de um povo unido em uma só fé, aproximando-os do sagrado através da festa. Tal fato pode ser observado pelo jogo de cenas em que há uma mistura das danças típicas da religião, com as religiões cristãs. Ou seja, o povo unido pela fé, pela festa e pela música fazendo com que as barreiras de preconceitos existentes se diluam e mostrem uma visão de uma gente que mesmo nas divergências entre um espectro religioso e outro, se juntam.

Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

Sair da versão mobile