Rock in Rio 2024: Brasilidade é resgatada pela performance de artistas em “Pra sempre MPB” no Palco Mundo

Ney Matogrosso, Zeca Baleiro, Gaby Amarantos, Majur, Baianasystem, Carlinhos Brown e Daniela Mercury trouxeram para o festival o ecoar da essência do país

Lourdes Carvalho Por Lourdes Carvalho
4 min de leitura

Um encontro inédito de grandes artistas brasileiros da MPB abrilhantou o Palco Mundo na noite deste sábado (21). Foi um momento especial para celebrar a nossa música e inspirar transformações que possam contribuir para a construção de um mundo melhor.

Dia dedicado ao Brasil coloca o país de frente para o espelho

O icônico cantor de “Secos e Molhados” abriu o show, cantando em ritmo suave. “Poema”, “Balada do louco” e “Pro dia nascer feliz” foi o repertório escolhido por Ney Matogrosso. Ao som dessas canções, um telão em formato de bandeira do Brasil projetava imagens brasileiras da fauna, flora, indígenas e negros com suas culturas, rios, mares e queimadas, lembrando que o país está em chamas.


Zeca Baleiro faz homenagem a Charlie Brown Jr (Vídeo: reprodução/Instagram/@gshow)


“Heavy metal do senhor”, “Proibida para mim” e “Telegrama” foram apresentadas por Zeca Baleiro com sua voz peculiar.  Zeca chamou Gaby Amarantos, que entrou segurando uma bandeira do Brasil, em um look mega extravagante. A paraense, com seu estilo tecno-brega, reforçou a importância do empoderamento feminino. Ao som de “Ex mai love”, a plateia foi ao delírio. Inesperadamente, Majur entrou cantando “Xirley” com Gaby. A parceria foi aplaudida pelos fãs.


Majur e Gaby Amarantos em perfeita sincronia (Vídeo: Reprodução/Instagram/@rockinrio/youtube)


 

A inclusão das minorias vem ganhando espaço

Majur enfatizou a importância daquele momento. Ela jamais poderia imaginar que um dia estaria naquele palco, e salientou a importância de não desistir dos sonhos. Enquanto cantava “Andarilho”, o público ligou a lanterna do celular, e o que se viu foi um céu estrelado na plateia.   A artista também tocou piano, enquanto cantava “Amarelo”.  A arte de Majur reflete uma jornada de autodescoberta e empoderamento. Ela tornou-se um ponto de inspiração na luta pela visibilidade e respeito às pessoas trans.  

O grupo Baianasystem encheu a cidade do rock com som de tambores, característico da musicalidade soteropolitana.  A banda é conhecida por fazer uma mix singular e inovador de ritmos, refletindo a diversidade cultural do Brasil

Uma das maiores interações com a plateia foi feita por Carlinhos Brown. Passeando pelo universo do samba, ligado ao axé e representante da MPB, o cantor escolheu um repertório bem eclético. Saiu de “Seu Zé” e “Uma brasileira”, indo parar em “Já sei namorar”. Ele cantou à capela “Água mineral” com a plateia. A empolgação foi tanta que parecia carnaval.


Daniela Mercury performando “O Canto da Cidade” no Rock In Rio (Vídeo: Reprodução/Instagram/@rockinrio/@danielamercury)


Daniela Mercury, que era a sensação da noite, entrou após uma pausa, o que quebrou, um pouco, o ritmo. Ela e os músicos estavam todos vestidos de branco. O visual e o ritmo musical reportavam à cena de religiões de matriz africana. A rainha do axé cantou sucessos inesquecíveis como “Rapunzel”, “Maimbê dandá”, “Swing da cor”, “Nobre vagabundo”. Ao cantar “Macunaíma”, Daniela lembrou a “Antropofagia”, manifestação artística brasileira.

A proposta “Para sempre MPB”, explorando elementos que compõem a identidade brasileira, foi entregue. Os cantores trouxeram para o palco, canções que refletem a diversidade cultural e histórica do país. No entanto, faltou interação entre os artistas. Apenas Majur e Gaby, Majur e Baianasystem cantaram juntas. Houve um vácuo entre Baianasystem e Carlinhos, e entre Carlinhos e Daniela. Talvez, o problema tenha sido o atraso que houve neste penúltimo dia de festival.

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