A UNRWA, subsidiária da Organização das Nações Unidas criada em 1949 para atender refugiados palestinos, divulgou neste domingo (12) que cerca de 300 mil palestinos já fugiram da cidade de Rafah, localizada no sul da Faixa de Gaza. Rafah é considerada o último refúgio para os afetados pela guerra entre Israel e o Hamas, mas Israel também acredita que este seja o último reduto do grupo terrorista.
Último refúgio
A ONU considera que estes palestinos estão sendo deslocados à força e é contra a incursão israelense, criticando a ação por causa das implicações humanitárias aos refugiados. O Departamento de Estado dos EUA emitiu um relatório afirmando que Israel pode ter violado lei humanitária em Gaza, dizendo que não há lugar seguro para estas pessoas irem.
A guerra entre Israel e Hamas completou sete meses em maio, tendo sido iniciada no ataque do grupo terrorista em outubro de 2023, que vitimizou 1.200 pessoas. Israel então lançou ofensivas para tentar eliminar o grupo, causando no total a morte de 35 mil palestinos segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas. Israel afirma que a cidade de Rafah é o último refúgio do grupo terrorista e, portanto, o último passo para encerrar a guerra.
A guerra entre Israel e Hamas, além de causar milhares de mortes, obriga a população local a fugir de seus lares (Foto: reprodução/Anadolu/Getty Images embed)
Os EUA apoiam Israel, mas são contra uma operação em larga escala do exército, pois não houve a formulação de um plano humanitário apropriado para a população refugiada na cidade durante a guerra. Em resposta, os americanos interromperam o envio de bombas para Israel na semana passada.
A incursão terrestre do exército israelense teve início na última terça-feira (07), quando o país assumiu o controle do lado palestino na travessia de Rafah, cque conta com mais de 1 milhão de refugiados da guerra Israel-Hamas. Segundo a Reuters, os tanques israelenses bloquearam o acesso e realizaram ataques contra alvos do Hamas durante a semana inteira. A ordem para evacuar o leste da cidade veio na segunda-feira (06) pelas Forças de Defesa de Israel, em “preparação para uma operação terrestre na região”, reportou Daniel Hagari, porta-voz da FDI. Cinco dias depois, um novo comunicado de evacuação foi emitido e a operação afetou a entrada de ajuda humanitária. Felizmente, a passagem de Kerem Shalom foi reaberta na quarta (08), possibilitando o auxílio ser retomado vindo do Egito.
Negociações de cessar-fogo
Desde o início do conflito, a cidade de Rafah foi o principal ponto de comunicação entre Gaza e o restante do mundo. A cidade também é a principal entrada de ajuda humanitária para os palestinos e o ponto de saída de estrangeiros e reféns libertados durante o cessar-fogo de novembro. Com o avanço do confronto, Rafah subiu de 280 mil pessoas para 1,5 milhão de habitantes, que se alojaram em tendas. O lugar é um último refúgio para quem tenta escapar dos horrores da guerra.
Em comunicado divulgados pelas redes sociais, o governo de Israel pediu aos moradores que deixassem a região leste de Rafah e fossem para Al-Mawasi, cidade palestina vizinha. Israel disse ter criado uma zona humanitária para receber as pessoas, com instalações de hospitais de campanha, além de tendas, comida e água.
O governo norte-americano tenta mediar um cessar-fogo entre Israel e o Hamas (Foto: reprodução/Miriam Alster/Getty Images embed)
De acordo com o governo palestino, controlado pelo Hamas, as forças israelenses bombardearam a parte leste da cidade, preparam sua entrada em Rafah afirmando que a cidade é o último reduto do grupo na Faixa de Gaza. Mas a cidade que faz fronteira com o Egito também é o último refúgio para os palestinos que deixaram suas cidades no norte, centro e no sul do país no percurso da guerra.
Segundo o Hamas, o grupo havia aceitado uma proposta de cessar-fogo elaborada pelo Egito e pelo Catar no início da semana passada, mas Israel não aceitou e uma nova rodada de negociações de trégua com troca de reféns não foi bem sucedida. Apesar das tentativas falhas, os Estados Unidos, o maior aliado de Israel, ainda se mostra otimista e vai continuar a mediar um cessar-fogo entre Israel e o Hamas.